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quarta-feira, 25 de abril de 2018

EXPOSIÇÃO DE PINTURA: "Entre a Síntese e o Detalhe"



EXPOSIÇÃO DE PINTURA: “Entre a Síntese e o Detalhe”,
de Rodrigo Costa
Museu de Ovar
14 Abr > 12 Maio 2018


Toda a intuição artística autêntica ultrapassa o que os sentidos captam e, penetrando na realidade, esforça-se por interpretar o seu mistério escondido. O seu fluxo brota das profundezas da alma humana, lá onde a aspiração de dar um sentido à própria vida se une com a percepção fugaz da beleza e da unidade misteriosa das coisas. Foi isto que Rodrigo Costa conseguiu transmitir no workshop de pintura que ministrou no Museu de Ovar no passado sábado, 21 de Abril, e que serve de base a uma leitura mais rica e detalhada do conjunto de obras que compõem a exposição “Entre a Síntese e o Detalhe”, da sua autoria.

Das paisagens amplas duma natureza que, na sua placidez aparente, encerra o germe da fúria e da destruição, à calma do atelier, espaço de conforto transformado em desconforto pelo impulso criador, o conjunto expositivo contempla uma viagem entre o real e o imaginário, abrindo ao espectador a possibilidade de fruir o que é dito e de intuir o tanto que fica por dizer em cada uma das obras apresentadas. A dimensão da arte de Rodrigo Costa transcende o belo e coloca-se além do juízo estético de cada um. Cada obra sua revela que o artista é pensamento, inteligência, razão, mas também é emoção. O meio envolvente, a natureza, o que observa “sob céu de silêncios” ou num “poema do princípio sem fim”, é transmitido ao espectador de forma emocional, lançando-o nas mesmas dúvidas e certezas perante emoções de prazer ou desagrado, gosto ou tristeza, beleza ou fealdade.

Rodrigo Costa não é alguém preocupado em criar rupturas, porque, como o próprio afirma, nunca viu na Pintura, ou na Arte em geral, mais do que poesia, espaço de expressão do que se sente, contando segredos tornados histórias que não quer deixar caladas. Que há de novo, então, que possa oferecer, se não o move o interesse de percorrer caminhos diferentes ou, mesmo, fazê-los ao contrário? A resposta não poderia ser mais eloquente e está nas palavras do artista: “Novo é o caminho que fizermos, sendo o nosso; é o destino que desenharmos com o nosso gesto; é a integridade com que nos aceitamos, sem nos desvirtuar a obsessão por um lugar na História... Novo é o que fizermos ser nosso reflexo – que a História está farta de quem não se aceita na imagem que o espelho mostra”. É esta carga de verdade que atravessa “Entre a Síntese e o Detalhe”, conjunto de dezasseis trabalhos de enorme beleza e alcance e que pode ser apreciado até ao próximo dia 12 de Maio na Sala dos Fundadores do Museu de Ovar.

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