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quinta-feira, 30 de outubro de 2025

LUGARES: Museu Ibérico da Máscara e do Traje



LUGARES: Museu Ibérico da Máscara e do Traje
Rua D. Fernando O Bravo, 24 - Bairro da Cidadela, Bragança
Horários | De terça-feira a domingo, das 09h00 às 13h00 e das 14h00 às 17h00
Ingressos | € 1,21 (bilhete normal)


Inaugurado a 24 de fevereiro de 2007, no espaço bonito e bem cuidado da Cidadela de Bragança, o Museu Ibérico da Máscara e do Traje conta a história de tradições culturais das gentes transmontanas e da vizinha Zamora. Através dele, procura-se preservar e promover a identidade e a cultura dos povos desta região de fronteira. O Museu alberga uma importante colecção de trajes, máscaras e apetrechos usados em diversas aldeias de Trás-os-Montes, da província de Zamora e Lazarim (Lamego) durante as chamadas Festas dos Rapazes ou dos Caretos. As origens destes festejos remontam à antiguidade pagã, quando se comemorava um novo ciclo da natureza ao atingir-se o solstício de Inverno. As figuras diabólicas, ligação entre o mundo bestial e o mundo humano, celebram um tempo renovado e a aproximação da Primavera, com a promessa de abundantes colheitas. Este acto é também um rito de passagem para os rapazes, da adolescência para a idade adulta, que usam chocalhos e bexigas de porco como símbolo de fertilidade.

A exposição, rica em cor e significado, dá a conhecer a grande variedade de personagens, usos e costumes que a cada inverno ganham vida neste território. Aqui se realça, igualmente, a criatividade dos artífices e a forma como os mais diversos materiais - da madeira à lã, da lata à cortiça – são transformados em seres tão misteriosos quanto fascinantes. Assumindo um caráter de representação e com um simbolismo extraordinário, as máscaras são o símbolo da passagem de um estado de consciência para outro estado mais mistificado, onde, por exemplo, um jovem renasce para a vida adulta. O portador da máscara ganha outra personalidade e vive um mistério, nos rituais das Festividades de Inverno, onde tudo é possível e onde tudo acontece. As máscaras encarnam mitos e são usadas, nestes rituais, com enorme semblante emotivo. São criadas pelas mãos de artesãos locais, totalmente qualificados, dignos de uma arte que perdura no tempo, e, por fim, são usadas pelos jovens nas festividades da terra. Aquelas mais trabalhadas, feitas de couro, peles e cortiça, recorrem a elementos zoomórficos, como as raposas, os lobos e as serpentes, e outras retratam simplesmente figuras diabólicas, assustadoras.

Cerca de cinquenta personagens estão expostos em três andares, sendo o Piso 0 dedicado às Festas de Inverno de Trás-os-Montes, o Piso 1 às máscaras de Inverno da Província de Zamora e o Piso 2 aos trajes usados nas Festas de Carnaval das duas regiões, existindo aí, também, um espaço dedicado aos artesãos e às exposições temporárias. Uma visita ao Museu permite ao visitante entrar em contacto com a diversidade de máscaras e trajes utilizados nas festividades da região, mostrando a cultura de mistério e de magia que ainda está bem viva na alma das suas gentes. Mas é preciso assistir à energia inesgotável dos jovens, partilhar a alegria do povo e até participar nas cerimónias que acompanham os rituais para compreender a complexidade deste mundo comunitário, onde os laços se estabelecem através da música, do riso e de gestos perpetuados ao longo de séculos. Se tiver a sorte de encontrar pelo Museu alguém ligado à tradição dos Caretos, como foi o meu caso, então a visita alcança um grau de riqueza inesperado, nas memórias convocadas e nas histórias partilhadas. De qualquer forma, o convite a regressar à região nos meses de Inverno está implícito na própria visita, aumentando o conhecimento sobre o universo fantástico destas festividades e contribuindo para que a tradição - que é de todos - se mantenha.

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