EXPOSIÇÃO: “Energias. Perpétuo Movimento”
Curadoria | João Pinharanda, Ivone Maio, Rosa Goy, António Carvalho, João Pimenta e
Patrícia Batista
MAAT – Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia
24 Abr 2024 > 06 Jan 2025
Lei I: Todo o corpo continua em seu estado de repouso ou de movimento uniforme em uma linha reta, a menos que seja forçado a mudar aquele estado por forças aplicadas sobre ele.
Isaac Newton, Principia, 1687
“Energias. Perpétuo movimento” coloca em diálogo as coleções de duas instituições museológicas, o Museu Nacional de Arqueologia e a Fundação EDP. O cenário físico, onde se entrelaçam os testemunhos culturais que se estendem da pré-história à atualidade, é o MAAT Central. Em duas salas do emblemático edifício industrial da cidade de Lisboa, a Central Tejo, são exibidos objectos que evocam sinergias, ou seja, a exploração das fontes naturais de energia, como o sol, a água, o vento e o fogo. Estes elementos influenciaram o rumo das sociedades humanas e são hoje indispensáveis ao desenvolvimento de recentes procedimentos tecnológicos a partir de fontes renováveis e no caminho que leva a um futuro comum, o da descarbonização do planeta. Na Sala das Caldeiras de Alta Pressão, os objectos ali dispostos são vestígios de vários períodos históricos, das ferramentas utilitárias do talhe da pedra da pré-história aos instrumentos de trabalho oriundos das oficinas de mecânica, de serralharia, de forja e de carpintaria desta fábrica de produção de eletricidade de inícios do século XX.
O fogo, elemento catalisador de mudanças sem fim, capaz de manipular, fundir e moldar os metais, ocupará um papel decisivo na produção de energias, como o vapor que faz mover máquinas e gerar energia elétrica. Exemplos da acumulação milenar de experiências de desenvolvimento tecnológico, que aqui se destacam são os grandes gigantes da produção do vapor de água, as caldeiras. Estas são documentos vivos de uma energia utilizada para criar outra energia, a elétrica, que se instalou num quotidiano que não para de se reinventar, libertando a humanidade das trevas… e fazendo com que o mundo não voltasse ao que era. E, se se destaca o vapor de água gerado pela máquina a vapor, aperfeiçoada em 1777 por James Watt, como a energia que permitiu que surgissem uma série de invenções que transformariam irreversivelmente o curso da história da humanidade, não se poderá deixar de referir o sol, enquanto fonte de energia primordial que mais mitos tem associados, devido à sua influência na vida das comunidades.
Descemos à “cripta” do fabrico do vapor, penetrando na Sala dos Cinzeiros onde se entrecruzam as fontes de energia mais importantes ao longo da história e da mitologia: a água, o vento e, de novo, o fogo. Aqui encontramos exemplos de mecanismos tecnológicos que ajudam as energias a fluir através de linhas de transmissão. Para a água, o homem criou canalizações, válvulas ou bombas hidráulicas. Para a electricidade, traçaram-se caminhos das subestações de distribuição aos centros de consumo, escavando o subsolo para circularem cabos elétricos. A utilização de recursos hídricos suscitou o desenvolvimento de tecnologias para a captação e armazenamento da água, dos aquedutos às barragens e respectivas centrais elétricas. A acção do vento e da água como forças energéticas proporcionaria, na era industrial, inventos como os motores, os rotores ou as eólicas. Uma exposição que, como a “Ode Triunfal” de Álvaro de Campos, exalta o triunfo da máquina e da civilização moderna, ao mesmo tempo que consciencializa para a urgência do combate ao aquecimento global.
[Elaborado a partir do Guia da Exposição, o qual pode ser lido na íntegra em https://maat.pt/sites/default/files/2024-10/Energias_guia-exposicao.pdf]
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