CINEMA: “Prazer, Camaradas!”
Realização | José Filipe Costa
Argumento | José Filipe Costa
Fotografia | Hugo Azevedo
Montagem | João Braz
Interpretação | José Avelino, João Azevedo, Amanda Booth, Patricia Butler, Mick Greer, Joaquim Lopes, Filomena Matos, António Rodrigues, Cecília Rodrigues, Eduarda Rosa, Celia Williams, Eduarda Rosa, José Valada, Lucinda Tomás, Olga Alves
Produção | João Miller Guerra, Filipa Reis
Portugal | 2019 | Histórico, Documentário, Ficção | 105 Minutos | Maiores de 12
Cinema Vida
12 Jun 2021 | sab | 16:00
Tingida de rubro, “em cada esquina um amigo”, esta “idade da inocência” da nossa revolução serve de pano de fundo à acção de “Prazer, Camaradas!”, o segundo documentário de José Filipe Costa. Na esteira do seu trabalho anterior, “Linha Vermelha” (2011), e do muito celebrado “Torre Bela” (1977), do realizador alemão Thomas Harlan, o filme mergulha nos ambientes revolucionários vividos em herdades de Manique do Intendente e Aveiras de Cima, na região do Ribatejo, recuperando histórias e memórias que falam do entusiasmo em torno da colectivização da propriedade, da vida comunitária, do fervor ideológico, do combate ao analfabetismo e da desmistificação de questões tão básicas como a própria sexualidade. José Filipe Costa reúne alguma das figuras de então e, fazendo-as recuar no tempo, volta a juntá-las à mesa, a fazer a lida da casa, a mugir as cabras ou a ajudar os cabritos a nascer, a dar um passo de dança nos bailes de roda e a confrontar-se com o esmagador choque cultural que viria a marcá-las para sempre.
Praticamente dois anos depois da sua estreia no Festival de Locarno, com uma pandemia pelo meio, “Prazer, Camaradas!’” chega finalmente às salas portuguesas. Em Ovar, na tarde do passado sábado, a sessão contou com a presença do realizador. Nela, José Filipe Costa reforçou a ideia de que este documentário constituiu uma espécie de jogo lúdico, propondo-se a actores não profissionais que dramatizassem as memórias de uma revolução que não foi apenas política, mas também sexual e de costumes. O argumento surgiu de um conjunto de relatos orais, textos literários e diários da época de estrangeiros e portugueses ex-exilados que, além de ajudarem nos trabalhos agrícolas, observavam e registavam o que viam e viviam com os portugueses. “Eram uma espécie de antropólogos improvisados que se encantavam e decepcionavam com o que viam, transcrevendo os poemas e os ditos dos camponeses, assinalando as distâncias pudicas entre os corpos nos bailes tradicionais ou descobrindo o trágico destino dos solteirões atingidos pela guerra colonial”, referiu o realizador.
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