TEATRO: “Turismo”
Texto
original e encenação | Tiago Correia
Consultoria artística e tradução | Regina Guimarães
Cenografia | Ana Gormicho
Interpretação | André Júlio Teixeira, Cláudia Lázaro, Inês Curado, José Eduardo Silva, Paulo Lages, Romi Soares
Produção | A Turma
Consultoria artística e tradução | Regina Guimarães
Cenografia | Ana Gormicho
Interpretação | André Júlio Teixeira, Cláudia Lázaro, Inês Curado, José Eduardo Silva, Paulo Lages, Romi Soares
Produção | A Turma
140 Minutos | Maiores de 14
anos
Teatro Municipal do Porto | Auditório Campo Alegre
01 Fev 2020 | sab | 19:00
Teatro Municipal do Porto | Auditório Campo Alegre
01 Fev 2020 | sab | 19:00
Se não tivesse sido censurada pela direcção do Teatro Municipal do Porto, a folha de sala que acompanharia o espectáculo contemplaria um texto da autoria de Regina Guimarães, que assina a consultoria artística e a tradução da peça, onde se poderia ler: “Lembro-me de ter confessado ao Tiago
Correia na nossa conversa inicial que, no caso do Porto, me dava
bastante urticária observar que não apenas a classe dos artistas
foi servindo de vanguarda do processo de neocolonização da cidade
artéria após artéria, bairro após bairro (isso é já traço
clássico da gentryficação), como sobretudo que as pessoas da classe
média que se considera culta e também as gentes auto ou hetero
etiquetadas povo de esquerda começaram por comprazer-se no papel de
turistas dentro da sua própria cidade saudando a proliferação de
lojas de griffe, hotéis de charme, mercearias gourmet,
condomínios privados. Os portuenses saudaram com pasmoso entusiasmo
a transformação do seu burgo em ruínas num vasto corredor de
aeroporto e a trendynite foi estando para a cidade como a papeira
para a pequena infância.”
É, pois, “uma cidade ferida no coração pelo fenómeno turístico”, esta que serve de pano de fundo a “Turismo”, criação de Tiago Correia para o coletivo A Turma e que pode ser visto em estreia no auditório Campo Alegre do Teatro Municipal do Porto. Nascida de pesquisas realizadas em 2017 em cidades como Porto, Loulé e Barcelona, esta peça é um projecto mais direccionado para a gentrificação que vem atingindo toda a Europa e que tem um impacto enorme na vida de cidades como Lisboa e o Porto, por exemplo. "Todos os dias ouvia falar de pessoas que iam ser despejadas, ouvia falar da Airbnb, da Ryanair, dos `tróleis`, dos aviões, dos prédios que estavam a ser demolidos ao lado de minha casa", observa Tiago Correia, sublinhando que o texto foi escrito enquanto, ao lado do local onde trabalha, um prédio ia sendo mandado abaixo.
É esta pressão imobiliária e este turismo como um “background” quase apocalíptico para as relações humanas nas nossas cidades que Tiago Correia coloca no espectáculo para o qual, em julho de 2019, convocou a equipa artística de A Turma, companhia que fundou há 12 anos e da qual é director artístico há quase dois, para reunir premissas para a construção do texto agora em cena. "Tourists go home", uma frase recorrente nas paredes do Porto, foi também uma mola impulsionadora para a criação de um espectáculo onde coabitam memória, dignidade, justiça, medo e pujança e fragilidade das relações humanas. Sobre o palco, seis actores corporizam outras tantas personagens que interagem entre si e que mostram, face à realidade actual, que é tão legítimo o senhorio despejar, como o locatário lutar pela sua sobrevivência na cidade. Tal como é legítimo que sejamos também nós turistas!
É, pois, “uma cidade ferida no coração pelo fenómeno turístico”, esta que serve de pano de fundo a “Turismo”, criação de Tiago Correia para o coletivo A Turma e que pode ser visto em estreia no auditório Campo Alegre do Teatro Municipal do Porto. Nascida de pesquisas realizadas em 2017 em cidades como Porto, Loulé e Barcelona, esta peça é um projecto mais direccionado para a gentrificação que vem atingindo toda a Europa e que tem um impacto enorme na vida de cidades como Lisboa e o Porto, por exemplo. "Todos os dias ouvia falar de pessoas que iam ser despejadas, ouvia falar da Airbnb, da Ryanair, dos `tróleis`, dos aviões, dos prédios que estavam a ser demolidos ao lado de minha casa", observa Tiago Correia, sublinhando que o texto foi escrito enquanto, ao lado do local onde trabalha, um prédio ia sendo mandado abaixo.
É esta pressão imobiliária e este turismo como um “background” quase apocalíptico para as relações humanas nas nossas cidades que Tiago Correia coloca no espectáculo para o qual, em julho de 2019, convocou a equipa artística de A Turma, companhia que fundou há 12 anos e da qual é director artístico há quase dois, para reunir premissas para a construção do texto agora em cena. "Tourists go home", uma frase recorrente nas paredes do Porto, foi também uma mola impulsionadora para a criação de um espectáculo onde coabitam memória, dignidade, justiça, medo e pujança e fragilidade das relações humanas. Sobre o palco, seis actores corporizam outras tantas personagens que interagem entre si e que mostram, face à realidade actual, que é tão legítimo o senhorio despejar, como o locatário lutar pela sua sobrevivência na cidade. Tal como é legítimo que sejamos também nós turistas!
[Foto: © Lusa |
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