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VISITA GUIADA: "Dos Reis do
presépio da igreja de Massarelos aos moinhos de Vilar através dos
Caminhos do Romântico”
Orientada por | Professor Joel Cleto
Organizada por | Confraria das Almas
do Corpo Santo de Massarelos
28 Dez 2018 | sab | 21:30
Reza a história que, navegando de
Londres para o Porto, o galeão S. Pedro, onde viajavam o Capitão
António Espírito Santo Silva e toda a sua tripulação, foi apanhado por um violento temporal em
pleno Golfo da Biscaia. Com o mastro da proa partido, todas as velas
do mastro grande arrancadas e o leme destruído, andou o navio à
deriva três dias e três noites, metendo água e em grande risco de
se afundar. Na tentativa de perscrutar o horizonte, subiu ao mastro
real o Gageiro Inácio de Sousa, aí invocando a protecção de S.
Telmo, advogado dos marinheiros e logo a sua imagem lhe apareceu no
topo dos mastros, com três faróis acesos. O mar acalmou-se, foi
avistada terra e uma brisa benigna e favorável guiou a embarcação
até ao porto de Vigo, onde desembarcou sã e salva toda a
tripulação. No dia seguinte, os vinte e nove homens foram em procissão, descalços e
pedindo esmola, ao túmulo de S. Pedro Gonçalves Telmo, em Tuy, onde
juraram, em agradecimento, levantar uma ermida ao Santo, na sua
terra. Consertado o navio, a Massarelos regressaram a 20 de Dezembro
de 1394 e logo se organizaram em Confraria para dar cumprimento ao
voto.
Avançando 624 anos no tempo, foi no
preciso local onde se erigiu a primitiva ermida e que é hoje a
Igreja de Massarelos, que cerca de uma centena de pessoas se reuniu
para acompanhar o Professor Joel Cleto naquela que foi a última
visita guiada de 2018 promovida pela Confraria das Almas do Corpo
Santo de Massarelos e subordinada ao tema "Dos Reis do presépio
da igreja de Massarelos aos moinhos de Vilar através dos Caminhos do
Romântico”. Uma visita que foi, toda ela, uma fascinante aula de história,
tão ricos e vivos os detalhes em torno desta Confraria profundamente ligada ao
rio e ao mar e com uma vertente social e assistencial de enorme relevo. Do primeiro Juiz-Provedor da Confraria, o Infante Dom
Henrique, à terrível campanha marítima sob o domínio de Castela –
dois bergantins da Confraria, integrados na armada dita invencível,
incendiados e metidos a pique ao largo da costa inglesa pelo
Almirante Drake – e que está na origem do topónimo “Cais dos
Insurrectos”, tiveram os presentes o privilégio de seguir nos
caminhos da História, guiados pelo conhecimentos e pelos dotes de comunicador exímio de Joel Cleto.
Ainda no interior do templo,
oportunidade para apreciar uma das mais interessantes obras do
espólio do Núcleo Museológico recém-criado, um presépio do
século XVIII, da escola de Machado de Castro. Do grupo escultórico
constituído por 17 figuras em material cerâmico pintado e dourado,
destaque para o conjunto de Reis Magos, que nesta peça são em
número de quatro e não três, como é da tradição. A descoberta
do Novo Mundo está na origem desta quarta figura, um índio que se
faz deslocar num lama, e que constitui uma quase novidade no capítulo
dos presépios barrocos portugueses. Por entre o casario, subindo o
vale de Vilar, as várias paragens permitiram evocar um espaço
marcadamente rural, onde ainda pontificam alminhas e logradouros,
moinhos (ou o que deles resta) e campos de cultivo. O regresso fez-se
descendo a Rua de D. Pedro V, aqui se evocando o monarca e a sua
esposa, a Rainha Dona Estefânia. Uma paragem ainda em frente ao
actual Museu do Carro Eléctrico, lembrando a antiga central
eléctrica, e o final do percurso a ter lugar nas traseiras da
Igreja, sob o olhar de S. Telmo e do Infante, no magnífico painel
azulejado que recobre parte da sua fachada. Foi este o coroar perfeito de mais
uma grande iniciativa da Confraria das Almas do Corpo Santo de
Massarelos, numa noite a fechar o ano e que prenuncia um 2019 pleno de boas e gratas surpresas!
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