LIVRO: “As Cartas Que Trocamos”,
de Rui Machado e Ana Simão
Ed. Euedito, 2018
“As Cartas Que Trocamos” dá, desde logo, azo a que se recupere o prazer de ler uma carta. Não uma mensagem caída na caixa de correio electrónica, não um SMS ou um qualquer “post” numa rede social, mas uma carta. Uma carta de verdade, com corpo e também com alma. Pela qual ansiámos e desesperámos na espera da sua chegada, que finalmente tomámos entre as mãos e cujo peso avaliámos e também a caligrafia, o selo, o cheiro. Que lemos avidamente e à qual, carinhosamente, respondemos, pagando na mesma moeda.
“As Cartas Que Trocamos” dá, desde logo, azo a que se recupere o prazer de ler uma carta. Não uma mensagem caída na caixa de correio electrónica, não um SMS ou um qualquer “post” numa rede social, mas uma carta. Uma carta de verdade, com corpo e também com alma. Pela qual ansiámos e desesperámos na espera da sua chegada, que finalmente tomámos entre as mãos e cujo peso avaliámos e também a caligrafia, o selo, o cheiro. Que lemos avidamente e à qual, carinhosamente, respondemos, pagando na mesma moeda.
Despojados de preconceitos, nus e crus
por amor à verdade, Rui Machado e Ana Simão dão-se a conhecer
através das cartas que trocam, ao mesmo tempo revelando um mundo
que, sendo o nosso, nos surge completamente diferente, feito de
limitações e obstáculos, todo ele envolto numa patine de
indiferença e preconceito, mas não desprovido de pessoas boas, de
gente amiga. Num acto de coragem, com tanto de dádiva e sorrisos
como de dor nas entrelinhas, os autores rejeitam fatalidades e
condenam submissões, fazendo da escrita uma prova da sua resiliência
e uma afirmação de vida. Ou, como escreveu Torga, o destino destina
mas o resto é comigo.
Tem pois, o leitor, com estas cartas
trocadas, uma oportunidade rara de perceber com quantas certezas se
constrói o amor, com quanta coragem se enfrenta a dor, com quantas
palavras se escreve uma vida. Um toque de crispação aqui, um sinal
de insubordinação acolá, o descontrolo dum palavrão mais além,
esta é uma prosa enriquecedora e estimulante que, de ternura e
simplicidade feita, nos prova ser uma miragem a tão propalada máxima
“todos diferentes, todos iguais”. Que nos faz tomar consciência
disso mesmo e que nos obriga a olharmos o outro de frente, a sermos
mais fortes e solidários, a construirmos um mundo mais justo e
melhor.
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