CINEMA: “Girl: O Sonho de Lara” / “Girl”
Realização | Lukas Dhont
Argumento | Lukas Dhont e Angelo
Tijssens
Fotografia | Frank van den Eeden
Montagem | Alain Dessauvage
Interpretação | Victor Polster, Arieh
Worthalter, Oliver Bodart, Tijmen Govaerts, Katelijne Damen,
Valentijne Dhaenens, Magali Elali, Alice de Broqueville, Alain
Honorez, Chris Thys
Produção | Dirk Impens
Holanda, Bélgica | 2018 | Drama | 109
minutos | M/14
Cinema Dolce Espaço
14 Dez 2018 | sex | 16:00
Estar como que aprisionado no próprio
corpo é um sentimento bastante familiar para a maioria dos
adolescentes. Mas o caso muda de figura quando se trata da formação
da identidade num corpo que se sente como completamente estranho,
despertando tensões na escola e na família e convertendo o
despertar da sexualidade num desafio inimaginável de conflitualidade
e violência. Na sua ânsia de descobrir, viver e sentir esta fase da vida, é precisamente com este desafio que Lara (Victor Polster)
se depara, enquanto prepara o seu futuro como bailarina e como
mulher.
Mais do que expôr
o bullying ou a intolerância que Lara vivencia, o realizador faz
questão de abordar a luta interior e as inquietações desta jovem.
Dhont faz-nos mergulhar no interior das rotinas de Lara, das suas
descobertas, temores, inquietações, conquistas e derrotas. Fá-lo,
quase sempre, recorrendo a pequenos episódios que alimentam a trama
e enriquecem a personagem. São momentos que contribuem não apenas
para dar a ver a protagonista e o seu quotidiano, mas que concorrem para a criação de um forte vínculo entre o espectador e a
adolescente, com a qual é compelido a partilhar as emoções.
Integrando o elenco do Ballet
Vlaanderen (Real Ballet da Flandres), Victor Polster interioriza e
caracteriza na perfeição o papel transgénero de Lara, tanto física
como mentalmente. Com uma interpretação delicada e precisa, o actor
consegue tocar profundamente o espectador na forma como representa
esta adolescente que não sabe ou não pode verbalizar os complexos
sentimentos que tomam conta de si. Tratando o tema da
transexualidade com enorme delicadeza e subtileza, Lukas Dhont
oferece-nos um excelente filme, justamente reconhecido ao vencer a
secção “Un Certain Regard” do Festival de Cannes, assim como o
prémio FIPRESCI, os prémios de melhor interpretação e melhor
primeira obra e ainda a indicação para o Óscar de melhor filme
estrangeiro em 2019.
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