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sexta-feira, 24 de agosto de 2018

CINEMA: "A Livraria"



CINEMA: “A Livraria” / “The Bookshop”
Realização | Isabel Coixet
Argumento |Isabel Coixet, baseado no romance de Penelope Fitzgerald
Fotografia | Jean Claude Larrieu
Montagem |Bernat Aragonés
Interpretação | Emily Mortimer, Bill Nighy, Patricia Clarkson, Hunter Tremayne, Honor Kneafsey, James Lance, Frances Barber
Produção | Jaume Banacolocha, Joan Bas, Adolfo Blanco, Chris Curling
Espanha, Reino Unido, Alemanha | 2017 | Drama, romance | 113 Minutos | M/12
Cinema Dolce Espaço
24 Ago 2018 | sex | 16:00


“A Livraria” presta uma belíssima homenagem aos livros e à leitura, narrando a ousadia de Florence Green (Emily Mortimer) em levar por diante o seu pequeno sonho: Abrir uma livraria, convertendo-a num lugar de encontros, recreando o ambiente onde foi feliz e descobriu o amor, para poder voltar a ter ilusões e contar com o reconhecimento dos habitantes duma pequena vila piscatória. A concretização do sonho, porém, não se revela tarefa fácil, já que deverá enfrentar uma sociedade surpreendentemente manipuladora e egoísta. Mas Florence não está sozinha nesta sua aventura, contando com a energia da pequena Christine (Honor Kneafsey) e de uma personagem estranha e tímida, o senhor Brundish, magnificamente interpretado por Bill Nighy.

Delicioso retrato da mesquinhez que se aloja nas sociedades actuais - ou, fazendo uso das palavras de Isabel Coixet, a realizadora, “numa sociedade que faz questão de estabelecer a devida diferença entre exterminadores e exterminados, com o predomínio permanente dos primeiros” -, “A Livraria” tem na personagem de Florence Green a sua grande força, mostrando uma figura feminina determinada e que luta corajosamente contra a adversidade de um sistema repressivo e ignorante, dado aos caprichos dos mais fortes e poderosos e caucionado por leis talhadas a pedido. Isabel Coixet conta com um elenco de luxo onde pontifica, para além de Emily Mortimer, o contido Bill Nighy, no cerne duma relação intensa onde se insinua mais do que se mostra.

Há, por último, a destacar os numerosos apontamentos literários que surgem ao longo do filme, nomeadamente os escandalosos e ruidosos romances que abalaram a sociedade dos anos 50, casos de “Fahrenheit 451” ou de “Lolita”, de Ray Bradbury e Vladimir Nabokov, respectivamente, os quais servem de chamariz para atrair novos leitores. Em suma, um filme interessante, com uma excelente fotografia e um desenvolvimento precioso a lembrar os velhos clássicos do cinema. Uma história muito bem contada que envolve uma sugestiva mensagem de reivindicação feminista com um cunho marcadamente social, para além dum sedutor convite ao prazer da leitura.

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