CINEMA: “A Livraria” / “The
Bookshop”
Realização | Isabel Coixet
Argumento |Isabel Coixet, baseado no
romance de Penelope Fitzgerald
Fotografia | Jean Claude Larrieu
Montagem |Bernat Aragonés
Interpretação | Emily Mortimer,
Bill Nighy, Patricia Clarkson, Hunter Tremayne, Honor Kneafsey, James Lance, Frances Barber
Produção | Jaume Banacolocha, Joan
Bas, Adolfo Blanco, Chris Curling
Espanha, Reino Unido, Alemanha |
2017 | Drama, romance | 113 Minutos | M/12
Cinema Dolce Espaço
24 Ago 2018 | sex | 16:00
“A Livraria” presta uma belíssima
homenagem aos livros e à leitura, narrando a ousadia de Florence
Green (Emily Mortimer) em levar por diante o seu pequeno sonho: Abrir
uma livraria, convertendo-a num lugar de encontros, recreando o
ambiente onde foi feliz e descobriu o amor, para poder voltar a ter
ilusões e contar com o reconhecimento dos habitantes duma pequena
vila piscatória. A concretização do sonho, porém, não se revela
tarefa fácil, já que deverá enfrentar uma sociedade
surpreendentemente manipuladora e egoísta. Mas Florence não está
sozinha nesta sua aventura, contando com a energia da pequena
Christine (Honor Kneafsey) e de uma personagem
estranha e tímida, o senhor Brundish, magnificamente interpretado
por Bill Nighy.
Delicioso retrato da
mesquinhez que se aloja nas sociedades actuais - ou, fazendo uso das
palavras de Isabel Coixet, a realizadora, “numa sociedade que faz
questão de estabelecer a devida diferença entre exterminadores e
exterminados, com o predomínio permanente dos primeiros” -, “A
Livraria” tem na personagem de Florence Green a sua grande força,
mostrando uma figura feminina determinada e que luta corajosamente
contra a adversidade de um sistema repressivo e ignorante, dado aos
caprichos dos mais fortes e poderosos e caucionado por leis talhadas a
pedido. Isabel Coixet conta com um elenco de luxo onde pontifica,
para além de Emily Mortimer, o contido Bill Nighy, no cerne duma
relação intensa onde se insinua mais do que se mostra.
Há, por último, a
destacar os numerosos apontamentos literários que surgem ao longo do
filme, nomeadamente os escandalosos e ruidosos romances que abalaram
a sociedade dos anos 50, casos de “Fahrenheit 451” ou de
“Lolita”, de Ray Bradbury e Vladimir Nabokov, respectivamente, os
quais servem de chamariz para atrair novos leitores. Em suma, um
filme interessante, com uma excelente fotografia e um desenvolvimento
precioso a lembrar os velhos clássicos do cinema. Uma história
muito bem contada que envolve uma sugestiva mensagem de reivindicação
feminista com um cunho marcadamente social, para além dum sedutor
convite ao prazer da leitura.
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