CINEMA: “Uma Mulher Não Chora”
/ “Aus Dem Nichts”
Realização | Fatih Akin
Argumento | Fatih Akin e Hark Bohm
Fotografia | Rainer Klausmann
Montagem | Andrew Bird
Interpretação | Diane Kruger,
Denis Moschitto, Numan Acar, Samia Muriel Chancrin, Johannes Krisch,
Ulrich Tukur
Produção | Fatih Akin, Ann-Kristin
Hofmann, Nurhan Sekerci-Porst, Herman Weigel
Alemanha | 2017 | Drama | 100
minutos
Cinema Dolce Espaço, Ovar
26 Dez 2017 | ter | 16:00
Fenómeno recorrente na actualidade, o
terrorismo serve de ponto de partida para “Uma Mulher Não Chora”, filme do realizador alemão de origem turca, Fatih Akin. Dividido em
três partes - “Família, Tribunal, Mar” (ou será “Inferno,
Purgatório, Céu”?) - o filme é a história de uma vingança.
Tendo perdido o marido e o filho num atentado bombista de contornos
xenófobos e vendo o tribunal absolver os presumíveis terroristas, é
pelas próprias mãos que Katja Sekerci (Diane Kruger) se compromete
em fazer justiça. Da grande metrópole que é Hamburgo até à costa
da Grécia, onde o ajuste de contas terá lugar, é toda uma deriva
que leva a mulher a questionar-se perante a sua nova e dura
realidade.
Inspirando-se nos atentados perpetrados
na Alemanha por um grupo neonazi contra pessoas de origem turca entre
2000 e 2011 (e cujo processo judicial, todavia, decorre ainda), Fatih
Akin parece ter como propósito chamar a atenção da sociedade alemã
para os riscos reais da ascensão da extrema-direita no País. Apesar
das boas intenções, o realizador adopta uma linha narrativa marcada
pela previsibilidade e acaba por comprometer a própria bondade dos seus propósitos com a sequência final, gratuita e simplista. Com uma
primeira parte excelente, o filme acaba por ir perdendo interesse aos
poucos – as sequências do julgamento parecem ter mais a ver com os
“dramas de tribunal” americanos do que com a realidade do sistema
judicial alemão – para acabar da pior forma, roçando a banalidade
e demonstrando uma flagrante ausência de ideias.
Apesar do falhanço que o filme
constitui, Diane Kruger merece uma palavra de destaque pela
interpretação brilhante desta esposa e mãe destroçada pela dor da
perda. Com determinação e de forma convincente, ela carrega o filme
sobre os ombros, conseguindo incarnar os diversos estados de alma que
a sua personagem atravessa e mexer com o espectador. Com justiça, é
dela o Prémio de Melhor Interpretação Feminina do Festival de
Cannes 2017. A surpresa, pela negativa, vai para o facto deste filme
ter arrecadado o Globo de Ouro para Melhor Filme Estrangeiro, em luta
directa com o vencedor da Palma de Ouro do Festival de Cannes 2017,
“O Quadrado”, do sueco Ruben Östlund. Critérios!
Sem comentários:
Enviar um comentário