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sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

CINEMA: "Uma Mulher Não Chora"



CINEMA: “Uma Mulher Não Chora” / “Aus Dem Nichts”
Realização | Fatih Akin
Argumento | Fatih Akin e Hark Bohm
Fotografia | Rainer Klausmann
Montagem | Andrew Bird
Interpretação | Diane Kruger, Denis Moschitto, Numan Acar, Samia Muriel Chancrin, Johannes Krisch, Ulrich Tukur
Produção | Fatih Akin, Ann-Kristin Hofmann, Nurhan Sekerci-Porst, Herman Weigel
Alemanha | 2017 | Drama | 100 minutos
Cinema Dolce Espaço, Ovar
26 Dez 2017 | ter | 16:00


Fenómeno recorrente na actualidade, o terrorismo serve de ponto de partida para “Uma Mulher Não Chora”, filme do realizador alemão de origem turca, Fatih Akin. Dividido em três partes - “Família, Tribunal, Mar” (ou será “Inferno, Purgatório, Céu”?) - o filme é a história de uma vingança. Tendo perdido o marido e o filho num atentado bombista de contornos xenófobos e vendo o tribunal absolver os presumíveis terroristas, é pelas próprias mãos que Katja Sekerci (Diane Kruger) se compromete em fazer justiça. Da grande metrópole que é Hamburgo até à costa da Grécia, onde o ajuste de contas terá lugar, é toda uma deriva que leva a mulher a questionar-se perante a sua nova e dura realidade.

Inspirando-se nos atentados perpetrados na Alemanha por um grupo neonazi contra pessoas de origem turca entre 2000 e 2011 (e cujo processo judicial, todavia, decorre ainda), Fatih Akin parece ter como propósito chamar a atenção da sociedade alemã para os riscos reais da ascensão da extrema-direita no País. Apesar das boas intenções, o realizador adopta uma linha narrativa marcada pela previsibilidade e acaba por comprometer a própria bondade dos seus propósitos com a sequência final, gratuita e simplista. Com uma primeira parte excelente, o filme acaba por ir perdendo interesse aos poucos – as sequências do julgamento parecem ter mais a ver com os “dramas de tribunal” americanos do que com a realidade do sistema judicial alemão – para acabar da pior forma, roçando a banalidade e demonstrando uma flagrante ausência de ideias.

Apesar do falhanço que o filme constitui, Diane Kruger merece uma palavra de destaque pela interpretação brilhante desta esposa e mãe destroçada pela dor da perda. Com determinação e de forma convincente, ela carrega o filme sobre os ombros, conseguindo incarnar os diversos estados de alma que a sua personagem atravessa e mexer com o espectador. Com justiça, é dela o Prémio de Melhor Interpretação Feminina do Festival de Cannes 2017. A surpresa, pela negativa, vai para o facto deste filme ter arrecadado o Globo de Ouro para Melhor Filme Estrangeiro, em luta directa com o vencedor da Palma de Ouro do Festival de Cannes 2017, “O Quadrado”, do sueco Ruben Östlund. Critérios!

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