CINEMA: “Barbara”
Realização | Mathieu Amalric
Argumento | Mathieu Amalric e
Philippe Di Folco
Fotografia | Christophe Beaucarne
Montagem | François Gédigier
Interpretação | Jeanne Balibar,
Mathieu Amalric, Vincent Peirani, Aurore Clément, Grégoire Colin,
Fanny Imber, Pierre Michon
Produção | Patrick Godeau
França | 2017 | Drama, Biografia
| 98 minutos
Cinema Dolce Espaço, Ovar
19 jan 2018 | sex | 18:30
Repartindo as atenções sobre três
planos temporais distintos, “Barbara” é, ao contrário do que o
título faria supor, mais um filme dentro do filme e menos um olhar
sobre essa grande estrela da canção francesa que foi Barbara. É
mais o trabalho de preparação e a forma como uma atriz mergulha na
personagem e menos a voz, a presença em palco e fora dele, o
inesperado anúncio do abandono da música pelo teatro, em pleno
Olympia, canções intemporais como “L'Aigle Noir”, “Göttingen”
e “Ma Plus Belle Histoire d'Amour” ou as suas interpretações de
George Brassens ou Jacques Brel. “Barbara” é mais a “outra” e menos ela
mesma.
Da forma como imagens de arquivo e
imagens de ficção se misturam e confundem, retira o filme a sua
maior força. Os primeiros planos revelam-se fundamentais para compreender a dimensão e a importância desta “sobreposição”, de tal forma o espectador irá
ser confrontado, ao longo do filme, com o desafio de perceber quem é
quem. A realização é estilizada, privilegiando os ambientes
elegantes, as cores rarefeitas, uma certa nostalgia. E há,
naturalmente, um extraordinário trabalho de montagem, assinado por
François Gédigier (“A Rainha Margot”, “Dancer in the Dark”
ou o muito recente “O Amante de um Dia”).
Jeanne Balibar dá corpo a Barbara e
a sua interpretação é irrepreensível. As semelhanças no plano
físico são enormes e as qualidades vocais de Balibar impressionam e
perturbam à vez. Ela é o filme e o filme é ela [talvez isto não
seja inteiramente verdade, visto que Mathieu Amalric, realizador
que faz de realizador (!), tem igualmente uma interpretação de
grande nível, plena de sobriedade e contenção]. Apresentado na
secção “Un Certain Regard” do último Festival de Cannes, “Barbara” alcançou o Prémio pela sua visão poética e foi igualmente
recompensado com o Prémio Jean Vigo 2017. Um filme cuja visão,
incondicionalmente, se recomenda.
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