Páginas

terça-feira, 12 de agosto de 2025

EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA: "Paraíso de Coura" | Alfredo Cunha



EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA: “Paraíso de Coura”,
de Alfredo Cunha
Atmosfera m, Porto
06 Ago > 04 Set 2025


“Escrevi há anos que o Festival de Coura devia ser prescrito pelos médicos e descontado no IRS. As pessoas tinham de ser mandadas para Coura nem que à força de dois empurrões, porque tudo no Festival nos cura. Já vi muita gente a melhorar da tristeza, mas também da marreca, do pasmo sem sentido, da inveja, da fealdade ou da gripe. Em Coura curam‑se maleitas severas, como a virgindade depois da puberdade, essa coisa que começa a apodrecer. A maravilha aqui não se explica ela é pura lucidez. Só de chegarmos à Praia do Taboão, onde instalam a festa, tudo aparece mais que a Nossa Senhora. Aparecem manifestações solares à meia‑noite, estrelas mesmo verdadeiras que andam perto e que podem até vir do peito de alguém. Toda a gente é bela e aprende a amar.”
Valter Hugo Mãe

A dois dias do início de mais uma edição daquele que já foi considerado um dos cinco melhores festivais de música da Europa pela revista “Rolling Stone”, dirigimos o olhar ao encontro do Festival de Paredes de Coura, pela lente do fotógrafo Alfredo Cunha. Patente no Atmosfera m, depois de ter passado por Lisboa, “Paraíso de Coura” reúne imagens e histórias deste icónico festival de música, que desde 1996 tem lugar por esta altura junto à Praia Fluvial do Taboão, nas margens do Rio Coura. A mostra é uma selecção muito resumida de algumas das imagens mais significativas reunidas pelo fotógrafo ao longo de duas décadas de presença atenta e interessada no Festival, primeiro acompanhando as filhas, depois sozinho porque sim. Ano após ano foi testemunhando a presença dos festivaleiros no rosto e na pose, a sua energia contagiante, a forma como se confundem com a paisagem, expressando esse olhar em imagens que fazem de Coura um lugar único, de partilha e comunhão com a música e com a vida.

À boleia do fotógrafo, mergulhamos na alma do Festival. Cada imagem é um fragmento da memória colectiva que faz deste acontecimento anual uma referência na música alternativa portuguesa. Mas são, sobretudo, as sensações vividas num ambiente único, que soube afirmar-se e conquistar um lugar proeminente no coração do público português, que Alfredo Cunha tão bem consegue transmitir. Daí o forte impacto sobre quem observa as fotografias, percebendo nelas um manancial de emoções vividas pelos festivaleiros, uma forma de celebrar a vida e tudo aquilo que nela se assume em vibração e júbilo, cumplicidade e felicidade. É que Paredes de Coura vale tanto pela música como pelo ambiente e pela comunidade que congrega. Entre o dia e a noite, o sono e a vigília, um corpo entregue à música e outro que se abandona num livro de Saramago, a mole de mãos que se abrem para o palco e os braços presos aos ramos de uma árvore, Coura é o paraíso, com tudo o que tem para nos dar. Para ver até 04 de Setembro.

Sem comentários:

Enviar um comentário