CONCERTO: Grupo de Percussão da Escola Profissional de Música de Espinho
Com | António Ferreira, Alexandre Barbosa, Gaspar Costa, Miguel Coelho, Hugo Oliveira, Tomás Marques, Pedro Leal e Catarina Gouveia
ReabilitaSons 2025
Centro de Reabilitação do Norte
10 Abr 2025 | qui | 21:30
A marimba é um instrumento de percussão que se assemelha a um xilofone, com lamelas de madeira que ao serem tocadas por baquetas revestidas de lã ou feltro emitem um determinado som. De origem angolana, foi trazida para o Novo Mundo no século XVI, vindo a ganhar popularidade em países como a Guatemala, as Honduras, a Nicarágua ou o México. Foi este instrumento muito belo, possuidor de uma sonoridade quente e penetrante, o ponto fulcral do programa escolhido para preencher o terceiro concerto do ciclo ReabilitaSons, que desde o início do passado mês de Março tem vindo a decorrer no Centro de Reabilitação do Norte com assinalável êxito. A interpretação esteve a cargo do Grupo de Percussão da Escola Profissional de Música de Espinho, um agrupamento que acaba de completar 35 anos (tantos quantos a EPME) e que tem primado pela divulgação de obras referenciais da percussão, muitas delas em primeira audição em Portugal, assim como algumas estreias absolutas.
Perante uma assistência constituída na sua grande maioria por pessoas internadas no Centro de Reabilitação do Norte, os oito elementos do Grupo de Percussão da EPME articularam entre si a interpretação de um programa fortemente inspirado no folclore tradicional de um conjunto alargado de geografias, oferecendo ao público uma proposta de viagem pelos quatro cantos do mundo. Combinando a sua inegável qualidade interpretativa com uma forte presença em palco, perfeito na construção dos temas como nas coreografias que os vários elementos souberam desenvolver, o Grupo surpreendeu pela dedicação, entrega e emoção que soube espalhar entre a assistência, fazendo deste um momento verdadeiramente reabilitador para todos. De Nick Zoulek, escutou-se a abrir “Reminder: Grow Reflect Repeat”, peça de grande intensidade nos seus movimentos repetitivos, a remeter para um dos mestres do minimalismo, Steve Reich. Seguiu-se “Gratitude”, uma composição de Nathan Smith que destaca o potencial da marimba quando combinada com a voz humana, nesta peça ao cuidado de Catarina Gouveia.
Numa coreografia divertida, cinco elementos do Grupo fizeram a ponte entre Angola e o Brasil através de um mexido e bem ritmado “Radio Bossa”, lançando no ar uns pozinhos de “Tico-tico no Fubá”, “Garota de Ipanema” e “O Pato”. Voltamos a atravessar o Atlântico e eis-nos em Paris, de novo com uma composição de Nathan Smith e de novo pela voz graciosa e plena de charme de Catarina Gouveia. “Afta-Stuba!”, de Mark Ford, terá sido porventura o grande momento da tarde, as mudanças de ritmo marcadas por um divertido “jogar às escondidas” que arrancou sorrisos e aplausos à plateia. Numa homenagem ao folclore mexicano, “Marimba”, do compositor, percussionista e professor francês Émmanuel Séjourné, foi um final pleno de animação, ao qual não faltaram sequer maracas, pandeiretas e um vistoso “sombrero”. Grande tarde de música, oferecida por um conjunto de jovens que têm, para além do natural talento, o gosto da dádiva e da partilha enquanto pilares fundamentais para a construção de um mundo mais fraterno e solidário.
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