EXPOSIÇÃO: “Jaime Isidoro e Vila Nova de Gaia: 50 anos depois dos I Encontros Internacionais de Arte”
Curadoria | Daniel Isidoro e Helena Mendes Pereira
Casa-Museu Teixeira Lopes / Galerias Diogo de Macedo
06 Set > 03 Nov 2024
“Jaime Isidoro e Vila Nova de Gaia: 50 anos depois dos I Encontros Internacionais de Arte” reúne e apresenta documentação de tipologia diversa e obras de arte sobre as actividades dinamizadas por Jaime Isidoro na intitulada “Casa da Carruagem”, em Valadares. A história reforça o papel essencial de Jaime Isidoro na construção de uma narrativa sobre aquilo que foi a promoção das vanguardas artísticas em Portugal ainda antes do 25 de abril de 1974. Jaime Isidoro, que chega ao meio artístico como pintor, funda a Galeria Alvarez em 1954, no Porto, e inicia uma jornada dedicada à divulgação da produção artística e dos criadores contemporâneos, dedicando uma especial atenção à revisitação de alguns importantes nomes do modernismo português que o regime havia abafado. Em 1962, adquire uma propriedade na praia de Valadares e que passa a funcionar como uma espécie de sucursal da Galeria Alvarez. O espaço acolheu diferentes iniciativas, desde exposições a apresentações de livros ou a intervenções artísticas de carácter mais efémero, mas também aquilo a que hoje chamaríamos “residências artísticas”.
No Verão de 1974, à boleia dos primeiros ventos da Liberdade, será em Valadares que se realizarão os I Encontros Internacionais de Arte, respondendo à necessidade de se pensarem novas tendências e vanguardas artísticas de que o país estava distante, na consequência do seu quase meio século de clausura e servidão. Os Encontros Internacionais de Arte – que passaram também por Viana do Castelo, Póvoa do Varzim e Caldas da Rainha – culminam em Vila Nova de Cerveira, dando origem à mais antiga Bienal da Península. A construção desta história faz-se de muitas estórias contidas no precioso arquivo e na coleção da Galeria Alvarez e que foram seleccionadas para esta exposição. Material gráfico, fotografias, vídeos, recortes de jornais e obras de arte, fornecem uma visão global do que foi a actividade na “Casa da Carruagem”, muito marcada pelos encontros entre artistas, críticos, poetas e outros homens de letras que ousaram discutir as vanguardas, experimentar processos e relacionar-se com o mar e a envolvente, tirando o maior partido das condições que Jaime Isidoro proporcionava aos artistas e do seu interesse genuíno pela novidade.
Em outubro de 1972, Espiga Pinto realiza na “Casa da Carruagem”, na Praia de Valadares e na Ponte da Arrábida, duas performances: “Egotemponírico - Homenagem ao Sol” e “Homenagem a uma Mulher Aurora”. É justo atribuir a estas performances de Espiga Pinto o papel fundacional no que à performance em Portugal diz respeito, o que reforça a figura de Jaime Isidoro como central na História da Arte portuguesa e mesmo como uma espécie de “pai” da performance. O trabalho com Espiga Pinto terá sido apenas o primeiro a fazer parte de uma estratégia clara de apoio às vanguardas e a muitos outros artistas que se expressaram através da performance. Este é, naturalmente, um dos aspectos a destacar desta exposição que se constitui como um momento de reescrita da História e que destaca a importância do Norte do país na introdução das vanguardas, contrariando uma visão centralista que tantas vezes domina as narrativas. A mostra está patente na Casa-Museu Teixeira Lopes / Galerias Diogo de Macedo, até 03 de novembro de 2024.
[Baseado num texto de Helena Mendes Pereira, o qual pode ser lido em https://www.cm-gaia.pt/pt/eventos/jaime-isidoro-e-vila-nova-de-gaia-50-anos-depois-dos-i-encontros-internacionais-de-arte/]
Sem comentários:
Enviar um comentário