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domingo, 15 de setembro de 2024

EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA: "Terra Mineral - Terra Vegetal"



EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA: “Terra Mineral - Terra Vegetal”,
de Duarte Belo
Galeria da Biodiversidade | Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto
23 Ago > 29 Set 2024

“Caminhar com uma câmara Fotográfica. Mapear o espaço e o tempo dos lugares. Construir um corpo em luta contra a estropia. Procurar palavras para a ordem da vida. Desenhar uma casa, esboçar uma cidade. Interminável movimento pelo Universo.”

Mostra fotográfica da autoria de Duarte Belo, patente ao público até ao final deste mês na Galeria da Biodiversidade, “Terra Mineral - Terra Vegetal” é um extraordinário testemunho da variedade de elementos naturais que povoam os mais diversos habitats e que, nas suas formas e tamanhos, texturas e cores, os caracterizam e enriquecem. São mais de mil as imagens que se abrem ao olhar do visitante, oferecendo-se na forma de mosaicos multi-coloridos cuja homogeneidade resulta da convergência do olhar sobre paisagens ou objectos semelhantes, ainda que recolhidas em momentos e locais muito diferentes. De Vila Nova de Foz Coa a Idanha-a-Nova, de Tondela a Porto Santo, são centenas de milhares os quilómetros percorridos pelo fotógrafo ao longo de décadas para nos dar a ver, enfim, a riqueza mineral que está na origem de paisagens muito diferenciadas, onde as plantas, de muitas espécies, se vão implantar em processos de povoamento que transformam radicalmente os espaços onde eclodem. Mas também a estranheza de tudo isto, “de todos os lugares onde quase nunca faltam as insinuações vegetais a conferir diferentes matizes aos cinzas, castanhos e ocres que dominam a paleta mineral.”

Apesar da arbitrariedade da ordem da visita, permito-me a chamar a atenção para um diagrama que, de certa forma, preside aos objectivos da exposição e representa uma sistematização dos conceitos-chave do trabalho aqui desenvolvido. É um desenho com palavras de um conjunto de fazeres, estruturado a partir de quatro círculos. No primeiro círculo está o tempo, o espaço, a matéria e a energia. São as quatro entidades que tiveram origem com o Big Bang, o princípio do Universo. A Terra, a nossa casa comum, é o segundo círculo, definido pelo próprio nome do nosso planeta e pelas palavras vida, memória e linguagem. Segue-se o terceiro círculo, relativo à actividade do fotógrafo - caminhar desenhar fazer, seriar, partilhar e estar / ser. No quarto e último círculo, com apenas três palavras, está a relação com todo o universo conhecido: ciência, vórtice, derivação. Estas linhas, estes conceitos, organizam um conjunto mais alargado de palavras, em torno das quais gravitam frase e pequenos textos que definem um horizonte aberto de representação de um mundo pessoal e profissional. Importará, pois, começar por aqui.

Ao longo da exposição, o visitante irá reparar na qualidade das imagens, naturalmente, mas também nas belezas que muitas delas revelam, no seu exotismo ou na estranheza das formas e cores representadas. Irá, igualmente, reconhecer um ou outro lugar e, quem sabe, comparar algumas das imagens com aquelas que conserva na memória e que integram o seu álbum das mais gratas recordações. Não deixará de observar, nas plantas como nas árvores, a singular arquitectura que sustenta a ligação entre o subsolo e a atmosfera. Nas superfícies rochosas, como um xisto negro com veios de quartzo, poderá, com alguma imaginação, ler um mapa. São muitos os territórios aqui representados, como se em cada desenho abstracto se abrigasse um itinerário a seguir em busca do desconhecido, na permanente procura de um lugar novo, sempre com uma irredutível curiosidade. Por último, mas não menos importante, compreenderá o propósito desta profusão de imagens que, no seu conjunto, formam uma imagem única, de um mundo que é o seu e que, apesar de todas as pressões e ameaças, conserva uma verdade própria, um pulsar vibrante de emoção e de vida.

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