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quinta-feira, 18 de maio de 2023

EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA: "A Halt to Survive (Pandemic Times)"


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EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA: “A Halt to Survive (Pandemic Times)”,
de Garcia de Marina
iNstantes - Festival Internacional de Fotografia de Avintes
Casa da Cultura de Avintes
28 Abr > 31 Mai 2023


García de Marina nasceu em Gijón (Espanha), em 1975, e revelou-se como fotógrafo trinta e cinco anos depois. Uma paixão adormecida pela fotografia rompeu as barreiras da intimidade, dando início a uma vertiginosa carreira fotográfica caracterizada pela reflexão implícita em cada uma das suas imagens. No espaço de um ano, o artista entregou-se ao mundo da fotografia, revelou o insólito do seu olhar nas redes sociais e apresentou o seu trabalho em várias exposições. Garcia de Marina elege o objecto como meio de expressão. O seu trabalho gira em torno da intuição e das ideias, do surrealismo, do mundo do subconsciente e dos sonhos. Interessa-lhe o simbolismo, a carga emocional, a essencialidade, a ligação aleatória de elementos sem qualquer relação aparente, sejam eles um garfo, um fósforo, uma mola da roupa ou uma casca de ovo. É um trabalho que trata a realidade com humor e irreverência, que transforma e imprime novas identidades aos objectos, que se insurge contra o óbvio e abraça a grandeza que reside no que é simples.

Fiel à natureza dos seus projectos, o artista lança um olhar sobre a pandemia de Coronavirus que virou o nosso mundo do avesso e é apontada como a causa de quase sete milhões de mortes em 228 países e territórios. Série de vinte e três fotografias que pretende destacar os acontecimentos resultantes da pandemia, “A Halt to Survive (Pandemic Times)” convida o visitante a reviver alguns dos momentos chave da tragédia. Uma tragédia que mudou as nossas vidas, instalando-se numa rotina povoada de incertezas, alterando o nosso olhar perante a vida, como perante a morte. A obrigatoriedade da máscara, o encerramento dos espaços, o distanciamento social, as quarentenas forçadas, as filas de ambulâncias, os funerais sem adeus, os testes rápidos ou as vacinas ganharam preponderância num mundo fechado a cadeado. Garcia de Marina olha-os de forma cirúrgica. Confere um valor real à abstracção que reside num número. Põe em perspectiva cada um dos elementos e partilha connosco esse seu olhar.

Depuradas, resumidas ao essencial, as obras surgem aos nossos olhos numa base conceptual e minimalista. Na sua simplicidade aparente, as imagens guardam a força dos símbolos. Inquietam, interrogam, confrontam. Convocam momentos muito presentes na memória. As vivências permanecem nítidas, as recordações basculam entre o doloroso e o épico. A máscara regressa ao rosto e o ar volta a rarefazer-se. Os dados estão lançados, a cada um a sua história. O hall de entrada da Casa da Cultura de Avintes, “sala de visitas” do Festival iNstantes, transforma-se num espaço de reflexão. Remexe-se o passado como quem busca certezas. Revive-se a incógnita de um jogo com um adversário invisível. Pergunta-se, pela milionésima vez, o que aprendemos com tudo isto. Estas e outras emoções tomam conta de nós, enquanto Garcia de Marina assente com um sorriso. É a fotografia (a arte) a mergulhar na realidade, a desempenhar o seu papel enquanto mobilizadora de interesses e vontades. A fazer de nós pessoas mais atentas e intervenientes, pessoas melhores.

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