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quinta-feira, 17 de novembro de 2022

LUGARES: Museu de Alberto Sampaio, Guimarães


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ESPAÇOS: Museu de Alberto Sampaio
Rua Alfredo Guimarães, Guimarães
Horários | De terça a sexta, das 10h00 às 18h00. Sábados e domingos, das 10h00 às 13h00 e das 14h00 às 18h00
Ingressos | Bilhete normal 3,00 €


Situado em pleno centro histórico de Guimarães, no local onde a condessa Mumadona, no século X, mandou construir um mosteiro, o Museu de Alberto Sampaio foi criado em 1928 para albergar o espólio artístico da extinta Colegiada de Nossa Senhora da Oliveira e de outras igrejas e conventos de Guimarães, então na posse do Estado. Esta Colegiada vem dos alvores do séc. XII, sofrendo importantes obras de ampliação e beneficiação sob a égide de D. João I, em cujo reinado se iniciou e concluiu a construção de uma nova Igreja dedicada a Santa Maria de Guimarães. No séc. XVI, a igreja, claustro e Casa do D. Prior foram amplamente renovadas, sendo a Igreja palco constante de alterações e acrescentos nos séculos seguintes. A 14 de maio de 1928, tiveram início as obras de adaptação do claustro e do primeiro piso da Casa do Priorado. Em 1935, terminam as obras de adaptação do edifício, passando este a dispor, como espaço expositivo das suas coleções, do Claustro e de mais cinco salas. Em 1967, após vários anos de obras, procede-se à inauguração dos novos espaços, passando o Museu a poder contar com serviços modernos, com uma sala de conferências, e com salas para exposições temporárias. Entre 1999 e 2004, o Museu volta a sofrer obras de recuperação e remodelação ganhando um novo visual: renova-se a recepção e a loja do museu, bem como os espaços de exposição.

Mal acaba de entrar no Museu, logo o visitante é convidado a sair! Sim, é verdade. Ainda a refazer-se da modernidade acolhedora do espaço da Recepção, é convidado a sair para o Claustro, o belo claustro do Museu de Alberto Sampaio. O claustro, como hoje o vemos, é constituído por uma sequência de arcos de volta perfeita que assentam em colunas, cujos capitéis estão decorados com motivos vegetalistas, volutas simples ou perladas e pequenos rostos humanos. Os quarenta e dois capitéis são todos diferentes e alguns foram refeitos aquando do restauro do claustro entre 1928 e 1931. As galerias comunicam com o jardim por passagens rasgadas nos muretes, os chamados estilóbatos, em que assentam as bases das colunas, algumas das quais decoradas com folhas de videira. Nestes muretes podemos encontrar desenhos gravados de jogos medievais de tabuleiro, os alguergues, assim como algumas representações sagradas: uma custódia e uma pequena capela. É também no claustro que encontramos a colecção lítica do Museu, isto é, as peças em pedra como os brasões, as pias de água benta, os capitéis e as lápides, para além de algumas esculturas. No jardim fronteiro encontra-se o busto do fundador e primeiro diretor do Museu de Alberto Sampaio, Alfredo Guimarães.

As salas são seis, sendo a Sala de Santa Clara aquela que primeiro se oferece ao visitante, nela avultando dois anjos tocheiros de grandes dimensões e uma Fuga para o Egito. Na Sala da Talha expõem-se três retábulos seiscentistas. Na ala nascente do claustro encontra-se a primitiva Sala do Capítulo, em cujo interior podemos ver um teto apainelado com pinturas de brutesco feitas a têmpera. A Sala da Ourivesaria impressiona pelos objectos de culto que alberga, neles avultando o ouro, a prata, o marfim e as pedras preciosas. Trata-se de uma coleção singular, caracterizada pela sua unidade, pela sua qualidade bastante homogénea, por se encontrar invulgarmente bem documentada e ainda por incluir uma expressiva representação da produção local. É hoje um dos melhores conjuntos do género existentes em museus nacionais, ocupando um lugar único na História da Arte em Portugal. De salientar que dos doze tesouros nacionais que o Museu possui, dez se encontram na Sala de Ourivesaria, nomeadamente um cálice e patena de D. Sancho (1187), um cofre-relicário em prata (séc. XIII - XIV) e uma cruz processional mandada fazer pelo Doutor João das Regras (final séc. XIV).

A Sala de Aljubarrota é uma das principais salas do Museu e nela está exposto um conjunto de peças relacionadas com a batalha de Aljubarrota, travada a 14 de Agosto de 1385 entre o rei D. João I de Portugal e o rei D. João I de Castela, e que foi fundamental para a consolidação da independência nacional. Especial devoto de Santa Maria de Guimarães, foi a ela que o rei veio agradecer o ter vencido tão decisiva batalha, oferecendo-lhe as suas armas, para além do Loudel que envergava na refrega e o Tríptico de prata dourada que representa o nascimento do Menino Jesus. Estas duas peças integram o espólio dos tesouros nacionais. Pela sua natureza, a Sala de Pintura a Fresco é única no panorama dos museus em Portugal, nelas se encontrando expostos alguns dos trabalhos extraídos de igrejas do norte de Portugal nos anos 30 e 40 do séc. XX. Por fim, a Sala de Pintura e Escultura, na qual se destacam o Tríptico da Lamentação e a Nossa Senhora com o Menino, provenientes da Colegiada de Nossa Senhora da Oliveira e ainda as tábuas de Nossa Senhora do Leite entre São Bento e São Jerónimo e um São Miguel, provenientes da Igreja de São Miguel do Castelo e um São Gregório Magno da paroquial de São Cipriano de Tabuadelo. Fazendo contraponto com a pintura sobre tábua, expõe-se também a escultura, em pedra ou em madeira, datada dos séculos XIV a XVII, sendo uma parte significativa destas peças oriunda da Colegiada de Guimarães ou de outras instituições religiosas da cidade.

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