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quinta-feira, 3 de novembro de 2022

EXPOSIÇÃO: "Warhol, Pessoas e Coisas"


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EXPOSIÇÃO: “Warhol, Pessoas e Coisas”,
de Andy Warhol, Jonas Mekas, Pedro Magalhães, Sara Graça, Jeff Preis, Anna Ostoya, John Miller, Augusto Alves da Silva, Robert Mapplethorpe, Tony Cokes, Eileen Quinlan
Curadoria | Alaina Claire Feldman, Barbara Piwowarska
Casa São Roque Centro de Arte
22 Mai 2022 > 31 Jan 2023


“Warhol, Pessoas e Coisas” é uma extensa exposição dedicada a Andy Warhol e à sua influência sobre várias gerações de fotógrafos, cineastas, músicos e artistas multimédia. Inclui obras de Warhol, trabalhos dos seus amigos mais próximos, bem como encomendas e intervenções de artistas contemporâneos de Nova Iorque, Lisboa e Porto. Resultante da colaboração entre a Mishkin Gallery / Baruch College da City University of New York (CUNY) e a Casa São Roque, Porto, este projecto procura mostrar o legado menos conhecido de Andy Warhol: a importância do seu contributo para o desenvolvimento da media art, tratando de examinar como os seus métodos e gestos inspiraram a revisão do objecto e do sujeito, como redefiniram a relação entre as pessoas e as coisas e como expandiram o conhecimento sobre a vida social.

O núcleo da exposição da Casa São Roque consiste numa selecção das trinta e oito polaróides coloridas de Warhol, de 1972 a 1986, e quarenta impressões a preto e branco em prata coloidal de 1980–1986 pertencentes à colecção da Galeria Mishkin / Baruch College, City University of New York, doadas pela Andy Warhol Foundation for the Visual Arts para fomentar bolsas de estudo sobre o seu trabalho. A colecção de polaróides do Baruch College, CUNY, agora apresentada, inclui pessoas anónimas e objectos: adultos, crianças, sapatos, chaves; inclui também celebridades: a cantora Dolly Parton, o actor Sylvester Stallone, Maria Cooper Janis, Sean Lennon, a Princesa do Irão Ashraf Pahlavi ou Bracka Weintraub. As impressões íntimas e pouco conhecidas em prata coloidal incluem: Blondie Concert Backstage (1982), paisagens da cidade, naturezas mortas, nus masculinos e culturistas, Sylvester Stallone com uma desconhecida, amigos de Warhol: Margaux Hemingway com bolo de aniversário, Pia Miller fotografada numa recepção, o seu parceiro Jon Gould em vários locais e viagens, o fotógrafo Christopher Makos e trabalhadores fundamentais da Factory, como Fred Hughes e Sam Bolton.

“Warhol, Pessoas e Coisas” inclui filmes experimentais, obras-primas de Warhol: “Kiss” (1963–1964), retratando durante 58 minutos vários casais a beijarem-se e, em ecrã duplo, “The Chelsea Girls” (1966), gravado no Chelsea Hotel e na Factory, com Nico, Ondine, Gerard Malanga, entre outros, e música dos Velvet Underground. Este filme foi montado a partir de 12 bobinas (tanto a cores como a preto e branco) combinadas em ecrãs paralelos, com diferentes acções a decorrer em cada um deles, formando 204 minutos únicos, teatrais e hipnóticos. Nesta exposição, também é apresentado o episódio 9 da Andy Warhol TV Productions, de 1983. Mostra Jean-Michel Basquiat como um exemplo das suas colaborações intergeracionais. Herdeiro do cinema underground e do legado cinematográfico estrutural, Jeff Preiss contribui para esta exposição com três obras desenvolvidas a partir de registos analógicos transferidos para ficheiros digitais. Durante cerca de trinta anos, John Miller optou por fotografar entre o meio-dia e as 14h, tempo de pausa a meio do dia de trabalho. Iniciada em 1994, a série “The Middle of the Day” é um projecto documental contínuo, que reflecte a tensão entre a câmara enquanto apparatus e o desenrolar da vida quotidiana. Tony Cokes, especialista em música pop e nos seus efeitos na história e na sociedade, propõe “Untitled”, filme que acompanha o complicado legado de Michael Jackson.

Anna Ostoya contribui com “Memorabilia”, uma série contínua de fotomontagens realizadas a partir de imagens encontradas na internet. Trata-se de um diário associativo no qual a artista junta imagens que parecem iguais, mas que pertencem a contextos diferentes ou a visões do mundo opostas, criando um efeito de déjà vu. Em vez de retratar pessoas, Eileen Quinlan capta os brinquedos dos filhos em polaróides de fabrico caseiro, apresentando o processo de seriação, o acaso e a potencialidade artística característicos dos brinquedos populares, produzidos em massa, Magna-Tiles. Pedro Magalhães, conhecido pelos seus arquivos fotográficos analógicos e digitais que documentam a gentrificação do Porto durante várias décadas (desde 2008), contribui aqui com a instalação “I Don’t Speak Guitar”, um título que cita, ironicamente, Patti Smith e a sua reflexão sobre a capacidade de tocar um instrumento e o uso da guitarra como objecto comunicativo. Sara Graça, a mais jovem participante de “Warhol, Pessoas e Coisas”, contribui com uma instalação que consiste em “self-made” ímanes recortados no frigorífico e esculturas em cartão. A exposição apresenta ainda importantes fotografias da colecção da Casa São Roque, incluindo a série Ferrari (1999), de Augusto Alves da Silva, que retrata vários aspectos da mercadoria fetichista dos carros vermelhos, e, também, Ken Moody (1984), de Robert Mapplethorpe, um dos seus retratos íntimos, nus masculinos negros com a flor branca.

[Texto compilado a partir da Folha de Sala da exposição e que pode ser visto em https://www.casasroque.art/pt/exposicoes/warhol-pessoas-e-coisas/]

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