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terça-feira, 15 de junho de 2021

CONCERTO: Cais do Sodré Funk Connection convida Paulo de Carvalho





CONCERTO: Cais do Sodré Funk Connection convida Paulo de Carvalho
Cine-Teatro de Estarreja
12 Jun 2021 | sab | 21:00


Não se sinta defraudado quem, como eu, foi a Estarreja na noite do passado sábado para escutar Paulo de Carvalho. Referência maior da música portuguesa, o cantor era o convidado de honra numa sala, uma vez mais, muito bem composta, mas a primazia pertencia por inteiro aos Cais do Sodré Funk Connection. Ter interpretado apenas quatro canções suas - entre elas “Mãe Negra” e “Os Meninos do Huambo” - poderá ter deixado em alguns um certo sabor a desilusão mas, na verdade, o agrupamento lisboeta soube preencher da melhor forma um alinhamento em torno de grandes êxitos da música funk e soul, transmitindo à plateia a sua enorme energia e pondo toda a gente a menear cabeças e ombros, a bater palmas a compasso e a ensaiar sucessivos “yeah” de aprovação e reconhecimento.

Com a qualidade e experiência de instrumentistas como Tiago Santos, João Gomes, João Cabrita, José Raminhos, Miguel Marques, Francisco Rebelo e Rui Alves e as vozes de Silk e Tamin, os Cais do Sodré Funk Connection transportaram para o interior do Cine-Teatro de Estarreja o som e o ambiente dos clássicos das editoras Motown, Stax, Chess Records e outras, colocando nas suas interpretações toda a dedicação e energia de uma verdadeira celebração. Ao longo de quase uma hora e meia, os espectadores foram convidados a viajar pela história da música negra, seguindo a cartilha do “padrinho” James Brown. Otis Redding, Etta James, King Curtis, Bobby Byrd ou Ray Charles, soaram aqui tão poderosos como os originais, oferecendo um cunho revivalista ao concerto, mas de uma enorme frescura e harmonia.

De fato a rigor como nos bons velhos tempos, os Cais do Sodré Funk Connection tocaram alguns dos mais irresistíveis clássicos da música americana dos anos 60 e 70 do século passado, dando brilho a uma noite de festa em honra de Santo António. Paulo de Carvalho fez o resto. Mostrou que está aí para durar, entrou no ritmo ao lado do histriónico Silk e da doce Tamin, ensaiou uns passos de dança, instou o público a acompanhá-lo e cantou como só ele sabe. Fê-lo com o sentimento de sempre, a emoção de sempre, com a mesma força na voz que, há seis décadas, nos enche os corações. No final, “à roda da fogueira”, de novo meninos, juntámos as vozes num hino ímpar à liberdade. E foi tão bom!

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