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segunda-feira, 14 de outubro de 2019

CONCERTO: Tomás Marques Quinteto



CONCERTO: Tomás Marques Quinteto
EstarreJazz 2019
Cine-Teatro de Estarreja
03 Out 019 | qui | 21:30


Embora não sejam propriamente uns ilustres desconhecidos, é para o Tomás Marques Quinteto que vão algumas palavras de apresentação, visto estarmos perante um projecto muito recente, feito de amigos com percursos diferentes, mas que têm no gosto pelo jazz e pela improvisação um denominador comum. Da vontade de tocarem juntos surgiu um primeiro concerto, em 2018, a partir do qual o estarrejense Tomás Marques decidiu afirmar a banda, arregaçando as mangas e dando asas à sua veia artística através da criação de um conjunto de músicas pensadas especificamente para o novo agrupamento. Explorando um vasto naipe de sonoridades, o Tomás Marques Quinteto tem hoje para oferecer um jazz moderno onde se percebem influências que vão da mais pura ortodoxia jazzística ao gosto pela electrónica, aventurando-se por caminhos onde a experimentação e o improviso se afirmam de forma irreverente e inspiradora.

Com o muito jovem Tomás Marques no saxofone, Augusto Baschera na guitarra, Óscar Marcelino da Graça nos teclados, Rodrigo Correia no contrabaixo e Diogo Alexandre na bateria, o quinteto teve honras de abertura da 14ª edição do EstarreJazz e mostrou-se enorme em talento e virtuosismo. Para Tomás Marques foi quase uma repetição, depois de ter estado em palco no primeiro dos seis dias do EstarreJazz 2018, então com o contrabaixista Bernardo Moreira a liderar um quinteto que fez as delícias do público num concerto de homenagem a Carlos Paredes. Também Óscar Marcelino da Graça repetiu a presença em dois anos consecutivos, depois de ter integrado o Jeffery Davis Quinteto, num concerto de excelente memória. Para quem teve o privilégio de os voltar a escutar, estes foram momentos de confirmação da sua enorme qualidade, contribuindo de forma inestimável para um concerto que viveu em grande medida de apontamentos individuais. Neste particular aspecto, Augusto Baschera revelou-se um gigante entre gigantes, os seus solos de guitarra proporcionando alguns dos grandes momentos da noite.

“Neve”, “Mel”, “Light”, o irreverente “Medieval Future”, “Areias Passadas” ou “Window”, o único tema que não conta com a assinatura de Tomás Marques, foram páginas delicadas dum álbum sorvido com deleite página a página, convidando a atentar no detalhe. O resultado final obriga-nos a olhar para estes jovens e para a sua música com redobrada atenção. Sobretudo Tomás Marques, pela clareza do seu fraseado enquanto compositor e intérprete, pelas ideias e emoção postas na sua música, revela-se um instrumentista de enorme potencial, com uma capacidade de composição invejável. Chega a ser comovente a forma como, propositadamente, se esconde na sombra dos restantes instrumentistas, para os quais escreve de forma claramente dirigida, dando-lhes o devido e merecido protagonismo. Músicos e público, todos saímos a ganhar!

[Foto: Isabel Pinto / facebook.com/isabel.pinto.127]

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