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EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA: “Acordo
Fotográfico”,
de Sandra Barão Nobre
Biblioteca Municipal de Ovar
10 Mai > 15 Jun 2019
No caso de Sandra Barão Nobre, ter
nascido em França foi determinante. Não apenas pela
consciência do “ser português”, que desde cedo tomou conta de
si, como pelas inúmeras deslocações entre França e Portugal, que
ajudaram a moldar o seu gosto pelas viagens. Depois há - talvez (?!)
- a questão do “gene do viajante”, uma mutação que a autora
terá no seu ADN, de tal forma é enorme a sua
paixão por viajar. E temos ainda a questão dos livros, algo muito
marcante desde tenra idade, a Mafaldinha a dizer-lhe que iria tirar o curso de Relações
Internacionais e ser diplomata. Não foi diplomata (descobriu no 2º
ano do Curso que não tinha perfil), mas tirou o curso da sua vida,
com ele adquiriu uma enorme cultura geral e, juntando todos os
ingredientes – inatos e adquiridos –, abraçou uma série de
projectos que têm neste “Acordo Fotográfico” uma das suas
expressões mais interessantes.
“Acordo Fotográfico” traz-nos
histórias de pessoas enquanto leitores e da sua relação com os
livros. Inaugurada na Biblioteca Municipal de Ovar ao início da
tarde de ontem, a exposição integra um conjunto de imagens que
constituem uma homenagem ao acto de ler. Dos jardins do Palácio de
Cristal à Praça Azul de Pangim, do Starbucks da Avenida das
Estrelas em Hong Kong ao Jardim Luis de Camões em Macau, são cerca de cinquenta
retratos que nos revelam que a leitura é universal. Mas Sandra
Barão Nobre vai mais longe, fazendo questão de complementar cada
fotografia com uma pequena história onde, para além da identidade do
retratado, se inclui o nome do livro e uma breve contextualização
da fotografia [os mais curiosos poderão encontrar as histórias
completas no excelente blogue “Acordo Fotográfico”].
E aí tropeçamos em livros já lidos, cada um de nós reflexo da pessoa retratada, mas também noutros que
estão na nossa lista e que, subitamente, se tornam uma prioridade. E
depois há os livros que não nos dizem nada mas que, pelo simples
facto de merecerem a atenção de alguém com quem, enquanto leitor,
nos identificamos, passam a ser alvo da nossa curiosidade (e aqui
deixem-me citar “A Incrível Viagem do Faquir Que Ficou Fechado Num
Armário do IKEA”, de Romain Puértolas).
Sensível e inspirador, “Acordo
Fotográfico” é a prova do quanto a leitura está inculcada na
vida das pessoas, independentemente da raça, género, credo, origem
ou concepção de vida. No aconchego do lar ou no meio da multidão
que se acotovela à espera do metro em hora de ponta, isoladamente ou
partilhando a leitura com outros, à roda da Bíblia ou do Alcorão,
duma Banda Desenhada ou dum livro para crianças, da “Cozinha
Confidencial” de Anthony Bourdain ou de “Os Maias” de Eça de
Queirós, o acto de ler é sempre um refúgio e uma viagem interior.
Esta exposição é a prova disso, convidando o visitante a viajar
pelo interior de si mesmo e a buscar pontos de contacto com todos
aqueles que amam os livros e a leitura. Talvez, por isso, esta seja
menos uma exposição de fotografia e mais uma mostra de livros, pessoas e lugares. Aqui, as imagens não
são um fim em si mesmas, mas antes um meio para atingirem um
propósito: o de nos agregar numa comunidade universal irmanada em
torno da leitura e que faz de cada leitor uma pessoa mais culta e
sensível, uma pessoa melhor!
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