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sábado, 16 de fevereiro de 2019

CINEMA: "A Quimera do Ouro"



CINEMA: “A Quimera do Ouro” / “The Gold Rush”
Realização | Charles Chaplin
Argumento | Charles Chaplin
Fotografia | Roland Totheroh
Montagem | Charles Chaplin
Musica | Charles Chaplin (1942), com arranjo de Timothy Brock (2007) e interpretação ao vivo da Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música, dirigida pelo maestro Jayce Ogren
Interpretação | Charles Chaplin, Mack Swain, Tom Murray, Henry Bergman, Malcolm Waite, Georgia Hale, Heinie Conklin, James Dime
Produção | Charles Chaplin
Estados Unidos | 1925 | Aventura, Comédia, Drama | 96 Minutos | M/6
Casa da Música, Sala Suggia
16 Fev 2019 | sab | 18:00


Alasca em plena febre do ouro. Soldados da fortuna de todo o mundo convergiam na região e Charlot, o pequeno vagabundo, está no centro da acção à procura de ouro. Depois de muitos desapontamentos, perigos e privações, a sua persistente busca por riqueza e felicidade acaba por ser recompensada. Pelo caminho confrontar-se-á com a brutalidade de outros garimpeiros, sentir-se-á atraído por uma jovem e bela mulher, montará um banquete com uma bota cozida e com a ajuda de dois garfos e pedaços de pão, construirá uma dança naquela que permanecerá, para sempre, como uma das mais hilariantes sequências da história do cinema.

Charles Chaplin construiu “A Quimera do Ouro” a partir das fontes mais improváveis da comédia. A ideia inicial surgiu quando via imagens em estereoscópio da febre do ouro do Klondike (noroeste do Canadá), em 1896, e chamou-lhe a atenção a imagem de uma fila interminável de garimpeiros serpenteando pelo Chilkoot Pass, a pota de entrada para a região do ouro. Ao mesmo tempo, leu por acaso um livro sobre o Desastre da Expedição Donner de 1846, quando um grupo de imigrantes, preso na Serra Nevada, teve de comer o seu próprio calçado e os cadáveres dos seus camaradas. Chaplin – provando a sua crença de que a tragédia e o ridículo nunca estão muito distantes – decidiu transformar estas histórias de provação e horror em comédia. A sua familiar personagem do vagabundo tornou-se um garimpeiro, juntando-se à massa de bravos optimistas e enfrentando o frio, a fome, a solidão e a incursão ocasional de um urso pardo.

Sobretudo porque o programa oferecido na tarde de hoje pela Casa da Música juntava o melhor de dois mundos – o cinema e a música -, é forçoso que falemos duma banda sonora escrita por Chaplin em 1942, depois de uma compilação de partituras de 1925 (por Carli Elinor e Charles Chaplin) terem acompanhado as exibições iniciais, até o filme deixar de ser programado com frequência após o advento do cinema sonoro. Tal como na maior parte da obra de Chaplin, a música tem como função principal servir as imagens. Aqui se encontra música de tempestade, luta, amor dança. Mas há também música escrita meticulosamente para soluços, fome, sono, comida, alucinações, lutas de bolas de neve, suspeições, indignidade, orgulho e indiferença. A isto responde a Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música, dirigida pelo maestro Jayce Ogren, de forma magistral, sendo particularmente evidente a fluidez das expressões e do movimento e os estados de espírito e de temperamento em constante mutação. Nas passagens de cordas sombrias e melancólicas, como nos solos coloridos de oboé e fagote, na omnipresente harpa ou na força bruta dos metais, percebe-se uma forte cumplicidade entre a música interpretada pelo agrupamento e a imagética de Charles Chaplin. Será aquilo a que chamaremos o “dois em um” perfeito, a "cereja no topo do bolo"  de um programa de eleição absolutamente inesquecível!

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