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domingo, 6 de janeiro de 2019

CONCERTO: "Do Natal aos Reis"



CONCERTO: “Do Natal aos Reis”,
com César Prata, Ariel Ninas e Catarina Moura
Igreja das Carmelitas, Aveiro
05 Jan 2019 | sab | 21:30


“Levante-se daí minha senhora dessa cadeira de cortiça / Venha-nos dar as Janeiras, a morcela ou a chouriça”. À voz da cantora, segue-se o refrão, o público em uníssono a responder: “S. José se alevantou e uma vela se acendeu / A adorar o Deus Menino que à meia-noite nasceu!”. Não terá sido com esta espontaneidade toda, implicou explicação prévia, exigiu dois ou três ensaios, mas o resultado pareceu bom a todos. Desta forma alegre e harmoniosa chegava ao fim o concerto “Do Natal aos Reis” que lotou por completo a Igreja das Carmelitas, em Aveiro, embalando músicos e público no sabor da tradição.

César Prata, Ariel Ninas e Carolina Moura foram os “três reis magos” que, na voz e num conjunto de intrumentos tradicionais – da guitarra à harmónica, dos sinos ao adufe -, ofereceram este concerto temático sobre canções tradicionais da quadra do Natal da Galiza e Portugal. Os dois primeiros são “companheiros de estrada”, à dupla se devendo o singular projecto “Cantos de Cego da Galiza e Portugal”, que deu lugar a uma série de concertos ao longo de 2018 e ainda à edição dum disco com o mesmo nome (ed. aCentral Folque, da Galiza). A eles se juntou Catarina Moura, um dos sete elementos do colectivo feminino “Segue-me à Capela” e cuja voz, harmoniosa e doce, teve o condão de aquecer o espaço deste magnífico exemplar do Barroco e penetrar nos corações das gentes.

Percorrendo espaços que unem, culturalmente, o norte e o sul do Rio Minho, o trio foi ao encontro da mais profunda tradição, propondo cantigas de louvor a um Deus Menino acabadinho de nascer. Em português, mirandês e galego, fizeram-se escutar Hinos, Janeiras, Entradas e Aguinaldos, recordando-se temas populares - “Oh Bento Airoso”, que a Brigada Vitor Jara popularizou, ou “Beijai o Menino”, que conhecemos na voz de Né Ladeiras – e escutando-se outros menos conhecidos. Do Minho (“Eu hei-de ir ao Presépio”) ao Alentejo (“Esta Noite é de Janeiras”), por veredas de pastores (“Oh Meu Menino Jesus”) ou no coração da Galiza (“Entrada de Aninovo” ou “Reis das Mozas”), convivendo com uma “traiçoeira” língua mirandesa (“Cantar de ls Reis”, onde “có-có” significa “truz-truz”) ou saudando Fernando Pessoa (“Chove. É dia de Natal”), foi esta uma viagem por um tempo outro, tornado nosso graças à excelência da música oferecida pelo trio. Uma música que vai dar lugar a um novo álbum, prometido para breve. Vamos estar atentos!

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