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domingo, 14 de outubro de 2018

CONCERTO: Marta Hugon



CONCERTO: Marta Hugon
Estarrejazz 2018
Cine-Teatro de Estarreja
12 Out 2018 | sex | 21:30


Depois de aqui ter estado, em 2014, a celebrar o Dia Mundial do Jazz, Marta Hugon regressou a Estarreja na noite da passada sexta feira para um concerto inserido no Estarrejazz 2018. A acompanhá-la em palco estiveram Ana Cláudia Serrão no violoncelo, João Hasselberg no contrabaixo, Pedro Branco na guitarra e Joel Silva na bateria, o suporte perfeito para uma voz quente e harmoniosa, desta vez a cantar exclusivamente em português. Terá sido esta a grande novidade do concerto, ao longo do qual foi possível apreciar a apaixonante combinação entre a poesia e a música e antever o novo trabalho da cantora, previsto para 2019.

Com arranjos de Luis Figueiredo, as canções interpretadas por Marta Hugon levaram o público numa viagem por geografias dispersas à volta do mundo, mas também numa viagem ao interior de cada um, carregada de palavras meigas, de sonho e magia. Por ritmos quentes e adocicados, “Praia” levou-nos a Cabo Verde; “Sicília” foi um passeio pelo eterno jardim do Mediterrâneo, a guitarra de Pedro Branco a impor-se e a mimetizar um bandolim nos acordes finais; “Fugaz”, o tema que abriu o concerto, foi também ele uma viagem ao som dos ritmos latinos, o Caribe aqui tão perto; e houve ainda Angola, no tema “Nascer Outra Vez”, um poema lindíssimo de José Eduardo Águalusa para a música de Luís Figueiredo.

Mas este foi também um concerto de palavras, a condição da língua portuguesa em plano de evidência, Marta Hugon a provar que o Jazz cantado em português tem mais encanto. Joana Espadinha, Francisca Cortesão, Afonso Cabral, Nádia Schilling, Filipe Melo ou a própria Marta Hugon para isso muito contribuíram, as suas letras e músicas a abrirem-se de forma intensa e sensível em temas como “Pressa”, “Lado Lunar”, “Longe”, “A Voz” ou “Beija-Flor”, este último do álbum “Bittersweet” (2016) e “reciclado” para português. Já no “encore”, uma cedência à língua inglesa para a interpretação de um dos seus maiores êxitos, o dolente “Swim Slow”, do álbum “A Different Time” (2011) , a encerrar uma noite de emoções à flor da pele. Agora só podemos pedir que o disco saia depressa enquanto vamos sonhando com o prazer do reencontro.

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