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EXPOSIÇÃO: “Sem Mensagens”,
de Alexandra de Pinho
DaVinci Art Gallery, Porto
22 Set > 27 Out 2018
Depois duma extraordinária jornada no
Luxemburgo, onde apresentou o seu trabalho no âmbito do Luxembourg
Art Prize 2017 e do reconhecimento da publicação Portuguese
Emerging Art 2018, Alexandra de Pinho volta a expor, desta vez na
DaVinci Art Gallery, no Porto. Com ela traz, uma vez mais, uma mostra
de desenhos cosidos de vários envelopes, “uma sucessão de
sobrescritos, uns mais comuns que outros, com selos, carimbos e
marcas diversas que atestam o seu percurso e desvios, abertos,
rasgados, alguns quase despidos, assumidamente desprovidos dos seus
comentários”, para usar as palavras da artista.
Perante entregas especiais, cartas
dispersas, evidências da censura, desabafos, manifestos, postais do
mundo ou correspondência vária, de novo o encantamento. Os
trabalhos de Alexandra de Pinho, estas cartas que ligam pessoas, que
carregam em si pedaços de vidas e concentram todas as emoções do
mundo, são testemunhos vivos da nossa própria existência. São
poderosos detonadores, a memória de súbito desperta, a mente a
viajar célere naquilo que fomos, naquilo que somos, recuperando
cheiros e cores, texturas e sussurros, o sal das lágrimas, os sentidos amalgamados num frémito de desejo e êxtase. É esta a arte de Alexandra de
Pinho, essa enorme delicadeza na forma como cose emoções e como
dirige a sua mensagem menos à razão e mais ao coração.
“Regressando à terra”,
acrescentaria que há uma notória evolução no trabalho da artista,
tanto na complexidade das composições como nas mensagens que,
subliminarmente, pretende passar (e não, não é verdade que não
existam aqui mensagens, como o título da exposição parece fazer
supor). Olhando com atenção cada um dos sobrescritos, vamos
tropeçando em palavras como “censura” ou “prisioneiro de
guerra”, “Cruz Vermelha” ou “solidariedade”, os tempos de
outrora sendo os tempos de sempre neste mundo todo, composto de
mudança. As cartas serão, cada vez mais, uma curiosidade artística
ou sentimental, guardadas numa delicada lata de folha, no fundo da
arca ao canto do sótão. Mas as inquietações, essas, permanecem. E
a arte aí está, vigilante e inquiridora, a denunciar a intolerância e a verter nas consciências sementes de paixão e liberdade!
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