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quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

EXPOSIÇÃO: "O Céu é um Grande Espaço"



EXPOSIÇÃO: “O Céu é um Grande Espaço”,
De Marisa Merz
Museu de Arte Contemporânea de Serralves
19 Jan > 22 Abr 2018


O Museu de Arte Contemporânea de Serralves apresenta, até ao próximo dia 22 de Abril, uma exposição retrospetiva da pintora e escultora italiana Marisa Merz (1926, Turim, Itália). Organizada pelo Hammer Museum, Los Angeles, e pelo The Metropolitan Museum of Art, Nova Iorque, "The Sky is a Great Space” é agora apresentada na Europa em colaboração com o Museu de Serralves e o Museum der Moderne Salzburg, Áustria. A exposição reúne cinco décadas de obras da artista e inclui as primeiras experiências de Merz no contexto da Arte Povera com materiais e processos não tradicionais; as cabeças e rostos enigmáticos que criou nas décadas de 1980 e 1990; e as instalações que conciliam a intimidade com uma escala impressionante.

Marisa Merz alcançou o reconhecimento internacional como membro do círculo de artistas associados à Arte Povera no final da década de 1960. Movimento de vanguarda que rejeitou a riqueza material da Itália a favor de materiais "pobres”, a Arte Povera foi identificada com o radicalismo do movimento estudantil, mas proclamou não ter um credo estilístico ou ideológico, exceto a negação dos códigos existentes e das limitações do mundo da arte. A obra mais antiga de Merz, iniciada cerca de 1966 na casa que partilhava com o marido, o artista Mario Merz, é Living Sculpture, um emaranhado de alumínio modelado pendurado do teto que combina arestas metálicas afiadas e ásperas com contornos suaves e biomórficos, expandindo o conceito de "mobile” até se tornar um colosso.

No final da década de 1960, Merz passou a criar uma série de obras poderosas a partir de materiais não tradicionais que tomavam por referência a sua vida familiar e a tradição italiana mais vasta do polimaterialismo: esculturas de cobertores enrolados amarrados com fio de nylon que eram usadas ocasionalmente como adereços nas performances que o marido fazia; um baloiço de contraplacado para a filha que alia o rigor da escultura à brincadeira jovial; e uma série de esculturas de fio de nylon tricotado, incluindo os sapatos que a própria artista às vezes usava. Na década de 1970, as instalações típicas de Merz em materiais pobres — delicado fio de cobre, taças de água salgada, agulhas de tricô — tornaram-se cada vez mais complexas. Após 1975, a artista começou a esculpir uma série de pequenas cabeças, muitas vezes modeladas em barro não cozido. Estas foram apresentadas na década de 1980 e tornaram-se emblemáticas da sua prática artística e dos seus trabalhos mais tardios.

Nas últimas duas décadas, a obra de Merz tornou-se ainda maior e mais complexa. As peças individuais continuam a ser integradas em instalações multimédia de tamanho e complexidade variável. A sua pintura e a obra gráfica também se tornaram mais elaboradas, combinando elementos de colagem e diversos materiais, incluindo fita adesiva, espelhos, molas para papel, tampas de garrafas e pigmentos metálicos, assim como um grupo recente de grandes pinturas de anjos alados, que contrastam a impressionante beleza com uma surpreendente ausência de sentimentalismo.

[Texto extraído do catálogo da exposição, em https://www.serralves.pt/pt/actividades/marisa-merz-o-ceu-e-um-grande-espaco/]

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