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terça-feira, 13 de fevereiro de 2024

CINEMA: "Vidas Passadas"



CINEMA: “Vidas Passadas” / “Past Lives”
Realização | Celine Song
Argumento | Celine Song
Fotografia | Shabier Kirchner
Montagem | Keith Frase
Interpretação | Greta Lee, Teo Yoo, John Magaro, Moon Seung-ah, Leem Seung-min, Ji Hye Yoon,Choi Won-young, Ahn Min-young, See Yeon-Woo, Kiha Chang, Shin Hee-Chul, Jun Hyuk Park, Jack Alberts, Jane Kim, Not Ri Song, Si Ah Jin, Yoon Seo Choi, Seung Un Hwang
Produção | David Hinojosa, Pamela Koffler, Christine Vachon
Estados Unidos, Coreia do Sul | 2023 | Drama, Romance | 106 Minutos | Maiores de 12 anos
Vida Ovar
 09 Fev 2024 | sex | 13:55


Neste mundo tão diverso, a força e intensidade das experiências individuais que preenchem os nossos dias podem ter tanto de avassalador quanto de inspirador. “Vidas Passadas” explora esta ideia de forma bela e subtil, ao encontro de uma história surpreendentemente autêntica. Celine Song socorre-se de uma narrativa genuína, que poderia facilmente vir de qualquer pessoa que conhecemos, e transforma-a num filme de enorme beleza, mergulhado nas emoções cruas da perda, do amor e dos rumos imprevistos que a vida pode tomar. A história centra-se em Nora, uma rapariga de 12 anos que vive na Coreia, e na sua profunda amizade com Hae Sung. A competição que partilham nos estudos e a profunda amizade que os une constituem a base da sua ligação. No entanto, quando a família de Nora se muda para Toronto, perdem o contacto durante 12 anos. O filme desenrola-se à medida que os dois enfrentam os desafios da reaproximação, pondo à prova a força da ligação face à distância física.

Ao contrário dos filmes que exploram as tensões românticas, “Vidas Passadas” abraça as realidades do quotidiano, reconhecendo que as circunstâncias podem fazer com que o encontro das pessoas certas possa ocorrer no tempo ou no lugar errado. O filme leva-nos a refletir sobre as escolhas da vida e sobre o que importa verdadeiramente, ilustrando com uma enorme honestidade que o desejo de uma ligação nem sempre é sinónimo da sua concretização. A abordagem destas questões adquire um enorme significado e alcance porquanto há um terceiro elemento nesta relação: o marido de Nora. Equilibrando delicadamente o apoio sincero de Arthur com os inevitáveis sentimentos de ciúme, Celine Song expõe a solidez da relação entre o casal, procurando um equilíbrio harmonioso entre o que poderia ter existido e o que existe de facto. Esta dinâmica ressoa profundamente no espectador, tocando em ligações pessoais e evocando intensas reacções emocionais.

Acompanhando graciosamente os protagonistas na sua viagem comum, o filme tece as três narrativas de forma absolutamente coerente. Tocante de verdade, “Vidas Passadas” destaca-se em vários aspectos, incluindo os desempenhos excepcionais dos três principais protagonistas, uma banda sonora cativante e um notável argumento de Celine Song. Na sua simplicidade, é um filme que constrói magistralmente uma viagem emocional sólida, que vai muito além de outros filmes do seu género. Com uma narrativa descontraída, mas profunda nos seus pressupostos e eficaz na forma como toca o espectador, produz um impacto duradouro e aprofunda-se à medida que vamos pensando no filme, provocando uma ressonância emocional crescente. “Vidas Passadas” tem essa força única de se incrustar em nós e de suscitar um enlevo e afecto cada vez maiores à medida que reflectimos sobre os seus temas e reforçamos a ligação emocional que nos une ao filme.

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