FESTIVAL: Encontros da Imagem - Festival Internacional de Fotografia e Artes Visuais Braga 2025
Direcção | Manuel da Cunha Santos, Carla Bacelar Ferreira
Direcção artística | Vítor Nieves
Equipa Curatorial | Alexia Alexandropoulou, Daniel Bastos, Elina Heikka, José Bacelar, Manuel Sendón & Xosé Lois Suárez Canal, Daniel Moreira e Rita Castro Neves, Rui Prata, Xosé Lois Vázquez
Artistas | Alfredo Cunha, Carlos Folgoso, Elisa Freitas, Gérald Bloncourt, Gil Raro, José Cruzio, Matevž Čebašek, Miguel De, Pierpaolo Mittica, Roberto de la Torre, Sergio Marey, Stefanos Paikos, Vari Caramés e outros
Avintes, Barcelos, Braga, Guimarães, Porto e Vila Verde
18 Set > 02 Nov 2025
Os Encontros da Imagem constituem o maior festival de fotografia existente no país e emparceira os grandes festivais de fotografia europeus. Com inicio em 1987, o certame tem constituído, nestes últimos trinta anos, uma esteira essencial para a divulgação e a criação fotográfica. As primeiras edições centraram-se na apresentação de autores clássicos essenciais para a compreensão da história da fotografia e, simultaneamente, autores contemporâneos que apresentavam as linhas mais recentes de representação. Paulatinamente, os Encontros foram alargando os seus objetivos, chegando em 2025 à sua 35.ª edição e fazendo dela uma forma de apresentar uma verdadeira “manifestação de interesses”. Mais do que um mote, este título funciona como um gesto público, um manifesto de interesses renovados que o festival adquire e partilha, consolidando o seu legado e lançando novos compromissos para o futuro. Este mote reflete também a intenção de olhar criticamente para o seu percurso. Na sua meia-idade — 35 edições ao longo de 38 anos — os Encontros da Imagem assumem a necessidade de uma pausa reflexiva que questiona a função deste e, por extensão, de outros festivais de primeira geração: repensar as conquistas alcançadas e avaliar a sua pertinência na actualidade.
O visitante ocasional não terá esta percepção, mas os “habitués” dos Encontros da Imagem perceberão muito facilmente uma, digamos, “reconfiguração” em relação a anteriores edições. Os limites entre as disciplinas artísticas mostram-se mais diluídos, com o festival a expandir-se para além da fotografia. Embora esta continue a ser o seu foco central, o programa integra de forma decisiva a performance, a instalação, a escultura e a videoarte, explorando territórios que enriquecem a experiência estética do público. Para reforçar a ligação com a comunidade e atrair novos públicos, a edição de 2025 inclui mais exposições de rua, expandindo a presença do festival para além dos espaços convencionais. Numa assumida “Manifestação de Interesse”, esta edição do Festival estrutura-se em três núcleos expositivos, cada um com a sua abordagem única e complementar. Estes núcleos — “Dissidências”, “Argumentários” e “Transições” — foram concebidos para explorar o tema central sob diferentes perspectivas, gerando diálogos, tensões e conexões. Cada programa aponta para aspectos cruciais da fotografia contemporânea e das artes visuais, desde a celebração da inovação e diversidade até à reflexão sobre o percurso e identidade do próprio festival, culminando na exploração das conexões regionais e identidades divergentes.
Braga continua a ser o fulcro dos Encontros da Imagem, com os pólos expositivos a estenderem-se a Avintes, Barcelos, Vila Verde, Porto e Guimarães. Daquilo que me foi possível ver num dia sempre preenchido, destacaria as exposições “Lebensborn”, de Angeniet Berkers, no Museu Nogueira da Silva, e que aborda o “Lebensborn”, programa fundado na Alemanha em 1935 e que foi concebido para proporcionar ao Terceiro Reich uma nova geração de líderes e oficiais da SS, e “Reaching for Dusk”, de Stefanos Paikos, em plena Avenida da Liberdade, e que documenta o quotidiano em Mbeubeuss, o maior aterro sanitário a céu aberto da África Ocidental, localizado nos arredores de Dakar, no Senegal, uma frente negligenciada na história da migração. Patente na Galeria da Estação, “Cinematica”, de Teresa Freitas, tem a curiosidade de confrontar o visitante com uma estética cromática específica, levando-o a questionar a autenticidade das cenas apresentadas. Na sua dimensão foto-documental, “Photographo”, de Alfredo Cunha, e “A Emigração Portuguesa a Salto”, de Gérald Bloncourt, são duas exposições a não perder. A primeira pode ser vista na Zet Gallery, enquanto a segundo está patente no Arquivo Municipal. Os Encontros da Imagem prolongam-se até ao dia 02 de Novembro.
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