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quarta-feira, 18 de setembro de 2024

EXPOSIÇÃO: "Anagramas Improváveis. Obras da Coleção de Serralves"



EXPOSIÇÃO: “Anagramas Improváveis. Obras da Coleção de Serralves”
Vários Artistas
Curadoria | Marta Almeida, Isabel Braga, Inês Grosso, Ricardo Nicolau, Joana Valsassina e Philippe Vergne
Museu de Serralves - Ala Álvaro Siza
24 Fev > 13 Out 2024


“Anagramas Improváveis. Obras da Coleção de Serralves” é a primeira exposição a ser apresentada na recém-inaugurada extensão do Museu, a Ala Álvaro Siza, dedicada a acolher no futuro todas as mostras da coleção, ou dedicadas à arquitetura e aos vários arquivos depositados na Fundação de Serralves. Embora concebido pelo arquiteto que desenhou o Museu de Serralves inaugurado há 25 anos, este novo edifício propõe uma experiência de circulação muito diferente, apostando numa sucessão de galerias de exposição de escala relativamente modesta que libertam o visitante de qualquer percurso pré-definido e contemplam a possibilidade de visionar em simultâneo o conteúdo de diferentes salas. Por seu lado, a equipa curatorial da presente exposição soube explorar as características físicas do edifício, tirando o maior partido da sua fluidez, simultaneidade e vaivéns conceptuais, valores do traço de Siza. O resultado é uma exposição que aposta nas relações inéditas e intrigantes entre obras de artistas de diferentes gerações e nacionalidades, desafiando, também ela, quaisquer percursos ou ideias pré-definidas sobre a Colecção de Serralves.

A partir da figura do anagrama, a exposição contém em si mesma uma grande pluralidade de possibilidades de escrita e de leitura. Ao mesmo tempo, o seu título remete para uma das características principais da arte contemporânea portuguesa – a relação com a linguagem – e para um grupo de artistas (nomeadamente Ana Hatherly e E.M. de Melo e Castro) que tiveram, através da Poesia Experimental, um papel fundamental na eclosão e desenvolvimento da contemporaneidade artística portuguesa. “Anagramas Improváveis” contempla a ancoragem da Colecção de Serralves nestes movimentos artístico-literários dos anos 1960-70 – bem como na mítica exposição portuguesa “Alternativa Zero” (1977) e na exposição-manifesto que inaugurou o Museu de Serralves, “Circa 1968” (1999) –, mas olha para o passado com os olhos do presente, nomeadamente através de diálogos entre obras produzidas em tempos e geografias muito distantes.

Além de uma peça sonora de Luisa Cunha, encomendada especificamente para o novo edifício, a mostra reúne uma série de obras de artistas relativamente jovens (Martine Syms, Zanele Muholi, Arthur Jafa, Alexandre Estrela e Trisha Donnelly, entre outros), algumas adaptadas ao espaço com a cumplicidade dos seus autores, lado a lado com obras de artistas pertencentes a gerações mais antigas, ou considerados históricos, casos de Lourdes Castro, Julião Sarmento, Paula Rego e Ana Jotta, entre muitos outros. O objectivo? Duplo e só aparentemente contraditório: por um lado, avançar novas perspectivas sobre peças consideradas históricas, à luz de temáticas e preocupações patentes nas obras mais recentes; por outro, perceber como o convívio entre obras produzidas em períodos muito distintos pode sobrepor a uma certa “espuma dos dias” preocupações comuns mais estruturais. Se os anagramas dão frequentemente origem a jogos em que se tenta formar o maior número de palavras usando as letras disponíveis, “Anagramas Improváveis” é uma exposição que quer espoletar o maior número de sinapses usando as obras expostas.


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