EXPOSIÇÃO DE PINTURA: “Do Ponto Vermelho à Cidade Geométrica”,
de Nadir Afonso
Museu Municipal de Espinho / FACE
08 Ago > 10 Out 2020
As Galerias Amadeo de Souza-Cardoso do Museu Municipal de Espinho acolhem, até ao dia 10 de Outubro de 2020, uma exposição evocativa do centenário de nascimento de Nadir Afonso. Com curadoria de Laura Afonso e organização do Museu Municipal de Espinho e da Fundação Nadir Afonso, "Do Círculo Vermelho à Cidade Geométrica” apresenta um conjunto de meia centena de obras do pintor que são, em si mesmas, um convite a uma viagem fascinante pelo percurso de Nadir Afonso, desde os finais dos anos 40 até alguns inéditos produzidos na fase final da sua carreira artística.
As vincadas facetas de Nadir Afonso como arquitecto, pintor e pensador estão bem patentes nesta mostra. Sendo verdade que, ao percorrer as imensas galerias, a pintura é, desde logo, a arte que se impõe aos olhos do visitante, não é menos verdade que os traços arquitectónicos que definem o espaço e se projectam nas cidades, por exemplo, bem como os elementos que sugerem ou convocam, são aquilo que de mais chamativo encontramos na maioria dos trabalhos. Aos referenciais assentes na geometrização das formas e num cromatismo vibrante, acrescenta Nadir Afonso o seu pensamento teórico-filosófico, segundo o qual “a arte é puramente objectiva e regida por leis de natureza matemática, que a tratam não como um acto de imaginação, mas de observação, percepção e manipulação da forma”.
Ao visitante oferece-se a possibilidade de contactar com obras representativas dos diversos períodos em que podemos dividir a carreira artística de Nadir Afonso, começando pelo abstracionismo geométrico e pelo período barroco dos anos 40 e início de 50 e prosseguindo com a depuração dos conjuntos pictóricos que ficaram conhecidos como Espacilimités e com os períodos ogival e perspéctico, que vão, sequencialmente, até finais da década de 1980. A fase final da vida do pintor introduz a figura humana na sua obra, dando origem ao período organicista e antropomórfico do qual "Sirènes”, "A Cidade Longínqua” ou "Les femmes et le chien” são notáveis exemplos, remetendo para longos dias estivais e para um espaço onde se adivinha a presença do mar e que poderia muito bem ser a cidade de Espinho.
Mas é do período fractal, assumido em pleno século XXI, que nos surgem as obras mais impactantes. Ora recta ora curva, a linha assume agora uma liberdade total, sugerindo metrópoles vivas, arrojadas. Os confrontos entre as linhas e as formas geométricas puras surgem-nos em todo o seu esplendor. Nas formas complexas descobrem-se referenciais naturalistas e as obras tornam-se cada vez mais exuberantes, evocando grandes centros urbanos como Pequim, Kuala Lumpur, Abu Dhabi, Toronto, Dusseldorf, Paris ou a cidade do Porto. Por tudo isto e pelo muito mais que fica por dizer e que o visitante saberá reconhecer, “Do Ponto Vermelho à Cidade Geométrica” é, no campo da cultura, um dos grandes acontecimentos deste ano tão atípico. Que seja o Museu Municipal de Espinho a promove-lo é algo que se saúda com entusiasmo. Uma exposição a não perder!
de Nadir Afonso
Museu Municipal de Espinho / FACE
08 Ago > 10 Out 2020
As Galerias Amadeo de Souza-Cardoso do Museu Municipal de Espinho acolhem, até ao dia 10 de Outubro de 2020, uma exposição evocativa do centenário de nascimento de Nadir Afonso. Com curadoria de Laura Afonso e organização do Museu Municipal de Espinho e da Fundação Nadir Afonso, "Do Círculo Vermelho à Cidade Geométrica” apresenta um conjunto de meia centena de obras do pintor que são, em si mesmas, um convite a uma viagem fascinante pelo percurso de Nadir Afonso, desde os finais dos anos 40 até alguns inéditos produzidos na fase final da sua carreira artística.
As vincadas facetas de Nadir Afonso como arquitecto, pintor e pensador estão bem patentes nesta mostra. Sendo verdade que, ao percorrer as imensas galerias, a pintura é, desde logo, a arte que se impõe aos olhos do visitante, não é menos verdade que os traços arquitectónicos que definem o espaço e se projectam nas cidades, por exemplo, bem como os elementos que sugerem ou convocam, são aquilo que de mais chamativo encontramos na maioria dos trabalhos. Aos referenciais assentes na geometrização das formas e num cromatismo vibrante, acrescenta Nadir Afonso o seu pensamento teórico-filosófico, segundo o qual “a arte é puramente objectiva e regida por leis de natureza matemática, que a tratam não como um acto de imaginação, mas de observação, percepção e manipulação da forma”.
Ao visitante oferece-se a possibilidade de contactar com obras representativas dos diversos períodos em que podemos dividir a carreira artística de Nadir Afonso, começando pelo abstracionismo geométrico e pelo período barroco dos anos 40 e início de 50 e prosseguindo com a depuração dos conjuntos pictóricos que ficaram conhecidos como Espacilimités e com os períodos ogival e perspéctico, que vão, sequencialmente, até finais da década de 1980. A fase final da vida do pintor introduz a figura humana na sua obra, dando origem ao período organicista e antropomórfico do qual "Sirènes”, "A Cidade Longínqua” ou "Les femmes et le chien” são notáveis exemplos, remetendo para longos dias estivais e para um espaço onde se adivinha a presença do mar e que poderia muito bem ser a cidade de Espinho.
Mas é do período fractal, assumido em pleno século XXI, que nos surgem as obras mais impactantes. Ora recta ora curva, a linha assume agora uma liberdade total, sugerindo metrópoles vivas, arrojadas. Os confrontos entre as linhas e as formas geométricas puras surgem-nos em todo o seu esplendor. Nas formas complexas descobrem-se referenciais naturalistas e as obras tornam-se cada vez mais exuberantes, evocando grandes centros urbanos como Pequim, Kuala Lumpur, Abu Dhabi, Toronto, Dusseldorf, Paris ou a cidade do Porto. Por tudo isto e pelo muito mais que fica por dizer e que o visitante saberá reconhecer, “Do Ponto Vermelho à Cidade Geométrica” é, no campo da cultura, um dos grandes acontecimentos deste ano tão atípico. Que seja o Museu Municipal de Espinho a promove-lo é algo que se saúda com entusiasmo. Uma exposição a não perder!
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