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segunda-feira, 22 de julho de 2019

CINEMA: "A Floresta"



CINEMA: “A Floresta” / “Les
Realização | Roman Zhigalov
Argumento | Roman Zhigalov
Fotografia | Yury Sergeyev
Montagem | Roman Zhigalov
Interpretação | Oleg Shibayev, Natalya Rychkova, Mariya Avramkova, Oleg Feoktistov, Vladimir Malyugin, Marianna Ovchinnikova, Albina Tikhanova, Aleksandra Smirnova, Sasha Lebedeva
Produção | Roman Zhigalov
Rússia | 2018 | Drama | 97 Minutos | M/14
Festival Internacional de Cinema de Avanca 2019
Cine-Teatro de Estarreja
21 Jul | dom | 21:30


Numa pequena aldeia perdida no meio de uma vasta floresta, um adolescente apaixona-se por uma mulher com o dobro da sua idade. Enquanto busca a melhor forma de lhe expressar os seus sentimentos, percebe que o próprio pai persegue a mesma mulher e, por ela, está preparado para abandonar a família. O conflito pessoal entre pai e filho cresce, ao mesmo tempo que se mistura e confunde com o turbilhão de acontecimentos que marcam o dia a dia de uma comunidade em ruptura  consigo mesma e onde impera a lei do mais forte. Enquanto isso, a floresta em volta vai sendo dizimada, deixando transparecer a corrupção que se acoita a coberto dos gabinetes.

Apostado em desvendar as particularidades de um microcosmos social agreste e violento, Roman Zhigalov optou por “pôr a carne toda no assador” ao mesmo tempo, o que resulta numa primeira meia hora de filme desordenada e confusa, remetendo para uma história mal contada, sobretudo porque mal escrita. Paulatinamente, a atenção vai-se focando no improvável triângulo amoroso e “A Floresta” adquire densidade e intensidade, dando mostras de uma inversão muito positiva no fio condutor do filme. Mas tudo volta a cair na banalidade, já na parte final, com o foco a escamotear, uma vez mais, o essencial.

Sai-se deste filme com a sensação de que Roman Zhigalov quis dar um passo maior do que a perna, sendo a queda inevitável. Tal como em muitas primeiras obras, o realizador deixou-se tomar pela ansiedade de tudo querer mostrar, com reflexos particularmente negativos no produto final. Esforçado mas desconexo, o filme permite vislumbrar algumas ideias interessantes, infelizmente mal concretizadas ou não concretizadas de todo, o negócio da madeira ou a delinquência juvenil sendo disto os exemplos mais acabados. Resta Oleg Shibayev, no papel do adolescente Danila, com uma interpretação convincente e a emprestar ao filme uma rara nota de credibilidade.

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