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EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA: “Code
of Silence”,
de Robert Nil Reed
Leica Gallery Porto
12 Jan > 30 Mar 2019
Descemos os poucos degraus que nos
conduzem à sala de exposições da Leica Gallery Store, no Porto, e
somos surpreendidos, de súbito, por um conjunto de fotos que nos
obrigam a olhá-las com redobrada atenção. É
imediata a atracção que se sente por aquelas imagens, rapidamente
identificáveis como “nossas”, de tal maneira as rochas, a areia e
aquele mar, aqueles sobreiros ou as figueiras da índia, a casa
decrépita num cenário melancólico ou a estacaria palafítica que
resiste às aguas revoltas do rio, remetem para uma espécie de
referencial colectivo, para o que de mais íntimo se esconde debaixo
da nossa pele e que guarda as cicatrizes do tempo e da inclemência
do ar e da terra, da água e do fogo. Tudo isto envolto no bramido
dos ventos ou no ruído das ondas a desfazerem-se na praia, os sons
penetrantes como “códigos” dum silêncio que habita aqueles
lugares.
É convocando os sentidos que o
fotógrafo austríaco Robert Nil Reed nos oferece “Code of Silence”, um conjunto de 22
magníficas fotos, guardando a autenticidade imaculada de umas e
povoando outras com o elemento humano na sua dimensão mais pura, os
corpos muito belos de mulheres fundindo-se com a paisagem.
Interpretando momentos e estados de alma, o artista encena com rigor
cada um dos seus trabalhos (umas botas cor de rosa ou um cabelo
“suturado” por uma dezena de ganchos adquirem uma importância
que ultrapassa, em muito, a do mero adereço), escapando com
elegância ao rótulo de “fotógrafo de moda”, de tal forma se
torna evidente que os modelos existem como forma de valorizar o
cenário e não o seu contrário.
Desta trilogia “fotógrafo – modelo
– paisagem”, resulta um trabalho profundo e sensível que
envolve, directa e intensamente, o espectador, de tal forma as
imagens, na sua aparente simplicidade e fragilidade, se revelam
poderosas na mensagem que transmitem de unidade, de perfeita simbiose
entre o homem e a natureza. O trabalho de Robert Nil Reed reforça a
ideia da fotografia como um recorte, um ponto de vista, uma história
isenta de objectividade, aberta a múltiplas interpretações. Ao
espectador, oferece as emoções captadas naquele momento mágico em
que se funde a arte da fotografia com a sensibilidade da natureza
humana. Tudo o resto, já é connosco!...
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