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domingo, 18 de novembro de 2018

CONCERTO: Dead Combo



CONCERTO: Dead Combo
Cineteatro António Lamoso, Santa Maria da Feira
17 Nov 2018 | sab | 22:00


Apesar da doença que continua a impedir Pedro Gonçalves de dar o seu contributo à banda que ajudou a criar, os Dead Combo prosseguem com a digressão de promoção do seu mais recente álbum, “Odeon Hotel”. Ao aportarem na noite de ontem ao Cineteatro António Lamoso, tinham à sua espera uma sala repleta de fãs incondicionais, que vibraram incessantemente com o alinhamento escolhido para duas horas de concerto e que, se incidiu sobretudo no novo trabalho, não deixou de fora os clássicos duma banda a soprar dezasseis velas e com seis álbuns de originais no seu currículo. Em palco, ao lado do “cangalheiro” Tó Trips (guitarras), António Quintino (guitarras, contrabaixo e melódica) mostrou-se à altura da espinhosa tarefa de substituir Gonçalves, Gui, dos Xutos & Pontapés - “um puto novo”, diria Tó Trips –, trouxe mais força ao conjunto atrás do saxofone e das teclas, Gonçalo Leonardo foi um gigante no contrabaixo e Guilherme Melo brilhou bem alto num lugar normalmente ocupado por esse “monstro” da bateria que dá pelo nome de Alexandre Frazão.

Retirados os panos brancos que escondiam os instrumentos, abriu-se a magnífica sala de baile deste “Hotel” bem cosmopolita. Tocados de uma assentada, “Deus Me Dê Grana”, “Mr. & Mrs. Eleven”, “The Egyptian Magician” e “As Quica As You Can” foram o fôlego inicial do novo trabalho, no qual se percebe um maior apuro das guitarras e uma maior vibração da bateria, o todo temperado pelo calor da “voz” do saxofone, num sopro que abraça, com igual enlevo, a morna e o bolero, o merengue e o fado. Fazendo a ponte com os seus trabalhos anteriores, a banda interpretou de seguida “Rumbero”, recuperando uma das faixas emblemáticas de “Vol. 1”, o seu álbum de estreia, ao qual se seguiu “Waits” e “Cuba 1970”, dos álbuns “A Bunch of Meninos” e “Lusitânia Playboys”, respectivamente, numa música muito Buena Vista Social Club e plena de sugestões cinematográficas.

Na segunda metade do concerto manteve-se a mesma toada, com a banda a oferecer ao público mais quatro temas do seu novo trabalho - “In a Mellotron”, “Dear Carmen Miranda”, “Desassossego” e “Theo's Walking” - e a prosseguir na revisitação dos seus álbuns anteriores, recuperando clássicos como “Quando A Alma Não É Pequena”, “Mr. Eastwood”, “Rodada” e “A Menina Dança”, do álbum “Quando a Alma Não é Pequena Vol. II”, “Povo Que Cais Descalço” e “Miúdas e Motas”, do álbum “A Bunch of Meninos”, ou ainda “Lusitânia Playboys”, do álbum com o mesmo nome. Em batidas vigorosas ou por acordes refreados, os Dead Combo trouxeram-nas a marca inconfundível da sua música, ligando Lisboa a La Habana ou à Cidade da Praia em mais um abraço sentido à diáspora. No ar fica a certeza de que a viagem prossegue e vale a pena embarcar nela!

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