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ESPAÇOS: Museu Nacional do Azulejo
Rua da Madre de Deus, 4 – Lisboa
Horário | de Terça a Domingo, das
10h00 às 18h00
Ingressos | Bilhete normal 5,00 €
(desconto 50% para visitantes com idade igual ou superior a 65 anos,
portadores de cartão jovem e cartão de estudante). Entrada gratuita
aos domigos e feriados, até às 14h00, para todos os cidadãos
residentes em território nacional
Instalado no antigo Convento da Madre
de Deus, fundado em 1509 pela Rainha D. Leonor, o Museu Nacional do
Azulejo abriu ao público em 1971 e nele se encontra
patente uma bela e vasta colecção de azulejos - expressão artística
única identitária da cultura portuguesa -, desde a Idade Média
até aos nossos dias. Distribuídos pelos três pisos do edifício, os objectos expostos convidam o visitante a familiarizar-se com os
primórdios do azulejo (vocábulo que provém do árabe “al-zulaich”
e que significa “pequena pedra polida”), as suas técnicas de
produção e diferentes padrões, sem esquecer os mosaicos de chão. Na sequência da visita, percebe-se como, em meados do século XIV, uma nova
técnica começa a ser empregue na azulejaria e que dá aos azulejos
o aspecto que hoje conhecemos: a técnica da faiança ou majólica. Aí, vamos ao encontro de alguns dos mais belos
exemplares desta época, com destaque para o painel de Nossa Senhora
da Vida e para os frontais de altar, sem esquecer os padrões em
voga, nomeadamente a ponta de diamante ou o padrão de camélia. A
terminar a visita no piso mais baixo, a Igreja da Madre de Deus, a
Capela da Rainha D. Leonor, o Coro Baixo e o Claustrim são espaços
de enorme beleza e contemplação e onde os azulejos continuam a
ocupar um lugar importante, rivalizando com os traços do barroco e com a talha dourada.
O segundo piso abre com a original
Escadaria de S. Bento, na qual os azulejos se encontram cortados em
losango, acompanhando a inclinação da escada. Azulejos de figura
avulsa ou azulejos de padrão pombalino, o belo painel “Lição de
Dança” ou o “Registo de Nossa Senhora do Carmo”, figuram entre
os núcleos destacados neste piso, no qual a Capela de Santo António
se apresenta como o espaço de maior solenidade e riqueza e onde se
compreende, em toda a sua plenitude, a expressão “ouro sobre
azul”. Embora nada tenha a ver com a azulejaria, aqui se pode
apreciar um Presépio, da autoria de António Ferreira (inícios do
século XVIII), um trabalho delicioso a exigir observação atenta e
demorada. Ainda neste piso, podemos apreciar um muito curioso
conjunto de sete painéis denominado “História do Chapeleiro
António Joaquim Carneiro”, espécie de banda desenhada, com as
respectivas legendas, dando conta da história de um rapaz pobre do
campo e que, na cidade, se estabelece por conta própria na confecção de chapéus, casando com
uma viúva rica e alcançando enorme fortuna. Finalmente, passeamos pela
azulejaria no século XX, Querubim Lapa, Maria Keil, Cargaleiro,
Jorge Colaço, Raul Lino, Júlio Resende ou Rafael Bordalo Pinheiro a
imporem-se ao olhar do visitante.
No último piso, o espaço é quase
integralmente ocupado pelo imponente “Painel da Vista de Lisboa”,
uma das obras primas da azulejaria portuguesa e que, com os seus
quase 23 metros de comprimento, ocupa duas paredes da sala. Atribuído
a Gabriel del Barco (início do século XVIII), é talvez a peça
mais valiosa do espólio do Museu e constitui um documento
iconográfico da maior relevância para a história de Lisboa,
revelando a mais completa vista da capital portuguesa, a partir do
Rio Tejo, antes do terramoto de 1755. Estão aqui desenhados, a azul
sobre fundo branco, catorze quilómetros de costa, desde Algés até
Xabregas, onde se encontra representado o Convento da Madre de Deus.
É possível identificar muitos outros locais que ainda subsistem nos
dias de hoje, alguns alterados pelo efeito devastador do terramoto, e
outros já desaparecidos, sendo este um dos poucos registos da sua
existência. Mas nem só de palácios ou outros
edifícios monumentais vive o painel, sendo possível nele observar o
casario das gentes humildes – nomeadamente o Bairro do Mocambo,
actual Madragoa, local onde laboravam boa parte das olarias de Lisboa
-, os estaleiros de construção naval, o comércio no mercado da
Ribeira, o movimento nos chafarizes, a actividade de um moinho de
maré ou as viagens em coches ou liteiras, até às quintas de
recreio em Belém e Alcântara. Remate perfeito duma visita
fascinante, o Painel da Vista de Lisboa é também um convite à
descoberta da capital, fazendo do Museu Nacional do Azulejo o ponto
de partida ideal.
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