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sexta-feira, 22 de outubro de 2021

EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA: "Syracuse" | Bruce Gilden


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EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA: “Syracuse”,
de Bruce Gilden
Encontros da Imagem de Braga 2021
Theatro Circo
17 Set > 23 Out 2021

O amplo e belíssimo espaço do Salão Nobre do Theatro Circo acolhe uma das mais impactantes exposições desta edição dos Encontros da Imagem de Braga. Trata-se de “Syracuse”, de Bruce Gilden, conjunto de fotografias recolhidas durante uma residência naquela cidade do norte do Estado de Nova Iorque, de cuja capital dista cerca de quatrocentos quilómetros, há precisamente três décadas. Gilden tinha esquecido quase por completo estas imagens, até que descobriu os negativos em finais do Verão de 2018. Entre fotos de feiras, festas e piqueniques, o que mais gratas recordações terá trazido ao artista neste reencontro com as suas imagens terá sido, porventura, a série que se debruça sobre as comunidades locais que eram alvo de algum tipo de apoio graças aos problemas mentais que apresentavam e em relação às quais a população, muito activamente, mostrava uma atitude de grande abertura, comunhão e solidariedade.

O projecto nasceu por acaso, depois de muito deambular pelo centro e arredores de Syracuse. Bruce Gilden conta: “Num canto movimentado na esquina entre a rua S. Salina e a East Fayette, descobri rapidamente que Syracuse tinha mais deficientes mentais por metro quadrado do que qualquer outro lugar que houvera visitado antes. De repente, vi ali uma grande oportunidade de fazer um trabalho interessante. Todos os dias à tarde esses homens e mulheres deixavam os empregos e reuniam-se na paragem de autocarro com as suas lancheiras na mão, à espera do transporte que os levaria de volta às suas casas. Muitos deles tinham a possibilidade de viver em casas compartilhadas com outras pessoas como eles, em vez de morar em instituições de assistência social, e isso dava-lhes uma sensação de independência e realização.”

Aquilo que é proposto ao visitante de “Syracuse” vai muito além da autenticidade dos gestos ou da genuinidade destas pessoas num meio que sentem e vivem como seu. Percebe-se que há um diálogo forte e amistoso entre o artista e a sua câmera, de um lado, com alguém que é, finalmente, o alvo das atenções. Nesse sentido, “Syracuse” funciona como uma lente que recupera e amplia a pessoa, fazendo com que ela seja tida em conta, seja notada na sua dimensão humana. O carácter integrador do projecto assume particular relevância pelo facto de poder ser visto como um exemplo para a sociedade em geral. Para além do tema em torno dos quais giram estas imagens, há ainda a qualidade de Bruce Gilden evidenciada em imagens de uma espontaneidade tocante e não isentas de humor. Elliott Erwitt ou Henri Cartier-Bresson não desdenhariam assinar algumas destas imagens. Para ver só até ao dia 23 de Outubro.

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