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sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

CINEMA: "Shoplifters - Uma Família de Pequenos Ladrões"



CINEMA: “Shoplifters – Uma Família de Pequenos Ladrões” / “Shoplifters”
Realização | Hirokazu Koreeda
Argumento | Hirokazu Koreeda
Fotografia | Ryûto Kondo
Montagem | Hirokazu Koreeda
Interpretação | Lily Franky, Sakura Ando, Mayu Matsuoka, Jyo Kairi, Miyu Sasaki, Sosuke Ikematsu, Yuki Yamada, Moemo Katayama, Daisuke Kuroda, Kazuaki Shimizu
Produção | Kaoru Matsuzaki, Hijiri Taguchi, Akihiko Yose
Japão | 2018 | Crime, Drama | 121 Minutos | M/14
Cinema Dolce Espaço
07 Dez 2018 | sex | 16:00


Vencedor da Palma de Ouro na edição deste ano do Festival de Cannes, “Shoplifters – Uma Família de Pequenos Ladrões” aborda as dinâmicas muito próprias criadas em torno de um grupo de pessoas próximas entre si. A história tem o seu epicentro em Tóquio, onde descobriremos um homem e uma criança (pai e filho?) que vivem do pequeno furto em supermercados. No regresso a casa - um barraco miserável sufocado pelos imponentes arranha-céus da grande metrópole -, há uma mulher à espera deles, a avó, bem como duas raparigas. A “família” irá crescer com a chegada da pequena Yuri, abandonada pelos pais e resgatada pelos dois delinquentes.

Embora atípica, a família volta a ser o instrumento de que Hirokazu Koreeda se serve para pensar os grandes temas da existência humana. No caso concreto, um pequeno núcleo funciona como refúgio em situações de aperto, o realizador a dizer-nos que, mais do que os laços naturais, o acolhimento e a solidariedade são palavras-chave na forma como os seus membros se comportam. São muitos os momentos que sustentam esta visão ao longo do filme, nomeadamente a cena em que, perante a proximidade da morte, a avó sussurra um “obrigada” que incorpora uma enorme gratidão apesar de toda uma vida vivida à margem da sociedade.

É surpreendente o que Koreeda consegue dizer num filme que se pode considerar minimalista, a acção praticamente resumida a ambientes fechados, que tanto podem ser reais, como a casa de habitação, ou metafóricos, como a unidade familiar. A partir dum argumento muito simples, o realizador constrói uma crítica severa a uma sociedade que se mostra incapaz de entender as relações que verdadeiramente contam. Os momentos de felicidade resultantes da viagem que a família faz até à beira mar, por exemplo, depressa serão abafados pela legião de assistentes sociais, juízes e policias que se apressam a restabelecer a (sua) ordem. Porque importa não revelar muito mais, restará dizer que estamos perante um dos grandes filmes de 2018, devidamente recompensado com um dos prémios de cinema de maior prestígio e, talvez mais importante do que isso, com as opiniões elogiosas dum vasto público.

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