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terça-feira, 20 de março de 2018

CERTAME: "Eixos - Ciclo de Marionetas de Portugal e da Galiza"



CERTAME: “Eixos – Ciclo de Marionetas de Portugal e da Galiza”
Cineteatro António Lamoso, Santa Maria da Feira
14 Mar > 18 Mar 2018


Cruzar a tradição da marioneta em Portugal e na Galiza foi o objectivo que presidiu à primeira edição do “Eixos - Ciclo de Marionetas de Portugal e Galiza”, certame que, de 14 a 18 de Março, atraiu miúdos e graúdos ao Cineteatro António Lamoso, em Santa Maria da Feira. Ao longo de cinco intensos e divertidos dias, foi dada oportunidade ao público de assistir a espectáculos de marionetas, visitar uma exposição e participar num workshop de construção de marionetas. Espaço ainda para uma tertúlia entre bonecreiros tradicionais de Portugal e da Galiza e que trouxe à tona o folclore destas paragens, reforçado pela rodagem do documentário acerca do Teatro Dom Roberto.

Inserida nesse evento maior que é Santa Maria da Feira - Capital da Cultura do Eixo Atlântico 2018, a iniciativa, a cargo das Marionetas da Feira, permitiu evidenciar a ligação existente entre a raiz popular das marionetas portuguesas e a origem tradicional das galegas, umas e outras evoluindo a partir do Teatro Dom Roberto, surgido em terras lusas no século XVII, em plena época pombalina. Construídas em madeira, as cabeças muito rosadas, o sorriso rasgado e o olhar penetrante das marionetas portuguesas não difere muito daquelas que se encontram na Galiza. Também o Dom Roberto português e o Barriga Verde galego andam de mãos dadas nestas histórias com final feliz mas que, pelo meio, não dispensam uma boa dose de paulada, a arrancar sonoras gargalhadas na assistência. Será, porventura, ao nível do conto - “O Castelo”, “O Barbeiro” ou “A Tourada” são clássicos da marioneta em Portugal – que as diferenças se fazem sentir de forma mais nítida, com os bonecreiros galegos a condensarem, numa só, estas e outras histórias, depois de as terem bebido da nossa tradição.

A encerrar o certame, a Companhia Títeres Cachirulo, de Santiago de Compostela, trouxe-nos um conto clássico - “Branca de neve e os Sete...” -, no qual um marionetista apenas em palco tirou partido dum vasto leque de opções estéticas e cénicas, tendo em coloridos e expressivos bonecos articulados de madeira o seu suporte. Se a história, sobejamente conhecida, é sempre um vector aglutinador de interesses de novos e menos novos, a linguagem corporal e a proximidade dos idiomas permitiram perceber o quão próximos estamos uns dos outros. Com a segunda edição já garantida para 2019, espera-se que este “Eixos” possa continuar a crescer e a dar a ver a riqueza das nossas culturas, ao mesmo tempo sensibilizando para uma vertente teatral que merece, seguramente, toda a atenção.

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