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sábado, 20 de janeiro de 2018

CINEMA: "Barbara"



CINEMA: “Barbara”
Realização | Mathieu Amalric
Argumento | Mathieu Amalric e Philippe Di Folco
Fotografia | Christophe Beaucarne
Montagem | François Gédigier
Interpretação | Jeanne Balibar, Mathieu Amalric, Vincent Peirani, Aurore Clément, Grégoire Colin, Fanny Imber, Pierre Michon
Produção | Patrick Godeau
França | 2017 | Drama, Biografia | 98 minutos
Cinema Dolce Espaço, Ovar
19 jan 2018 | sex | 18:30


Repartindo as atenções sobre três planos temporais distintos, “Barbara” é, ao contrário do que o título faria supor, mais um filme dentro do filme e menos um olhar sobre essa grande estrela da canção francesa que foi Barbara. É mais o trabalho de preparação e a forma como uma atriz mergulha na personagem e menos a voz, a presença em palco e fora dele, o inesperado anúncio do abandono da música pelo teatro, em pleno Olympia, canções intemporais como “L'Aigle Noir”, “Göttingen” e “Ma Plus Belle Histoire d'Amour” ou as suas interpretações de George Brassens ou Jacques Brel. “Barbara” é mais a “outra” e menos ela mesma.

Da forma como imagens de arquivo e imagens de ficção se misturam e confundem, retira o filme a sua maior força. Os primeiros planos revelam-se fundamentais para compreender a dimensão e a importância desta “sobreposição”, de tal forma o espectador irá ser confrontado, ao longo do filme, com o desafio de perceber quem é quem. A realização é estilizada, privilegiando os ambientes elegantes, as cores rarefeitas, uma certa nostalgia. E há, naturalmente, um extraordinário trabalho de montagem, assinado por François Gédigier (“A Rainha Margot”, “Dancer in the Dark” ou o muito recente “O Amante de um Dia”).

Jeanne Balibar dá corpo a Barbara e a sua interpretação é irrepreensível. As semelhanças no plano físico são enormes e as qualidades vocais de Balibar impressionam e perturbam à vez. Ela é o filme e o filme é ela [talvez isto não seja inteiramente verdade, visto que Mathieu Amalric, realizador que faz de realizador (!), tem igualmente uma interpretação de grande nível, plena de sobriedade e contenção]. Apresentado na secção “Un Certain Regard” do último Festival de Cannes, “Barbara” alcançou o Prémio pela sua visão poética e foi igualmente recompensado com o Prémio Jean Vigo 2017. Um filme cuja visão, incondicionalmente, se recomenda.

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